Falar sobre Os Novos Mutantes é até surreal, tendo em vista todos os diversos atrasos que ocorreram, tanto após a compra da Fox pela Disney, ou a pandemia de covid-19. O grande problema é que esta comoção em volta do projeto causa expectativas, e isso atrapalha o filme e ajuda ao mesmo tempo.
Novos Mutantes mostra um grupo de jovens mutantes que estão numa clínica para ajudá-los a superar seus traumas e controlar seus poderes evitando colocar em risco outras pessoas e a si próprios. O fio condutor da narrativa é Danielle Moonstar (Blu Hunt) que após passar por uma experiência traumática e perder seu pai, acaba de chegar nessa instituição, onde conhece seus companheiros perturbados Rahne Sinclair (Maisie Williams), Sam Guthrie (Charlie Heaton), Roberto da Costa (Henry Zaga) e Ilyana Rasputin (Anya Taylor-Joy), além da médica Dr. Reyes (Alice Braga), única responsável por estes cinco jovens problemáticos.
A ambientação nesta clínica/reformatório e a forma como se desenvolve é muito problemática. Eles estão confinados por uma doma que impede de fugirem, assim como impede da chuva cair sobre o terreno, mas de alguma forma eles precisam de suprimentos médicos, comida, itens básicos de higiene, etc alguma hora pessoa de fora precisam entrar lá, esta portanto, não seria um momento bom para uma fuga?? Também nada impede de usarem seus poderes livremente, inclusive Danielle nem sabe qual é seu poder quando chega, e se por um acaso ela tivesse poder pra sobrepujar a Dra. Reyes e dar no pé?? Aparentemente ninguém neste longo processo de produção do filme pensou nestas questões.
Em todo material promocional o longa é vendido como algo diferente dos filmes anteriores dos X-Men, um misto de terror com suspense, mas o que vemos em tela é algo que está longe de dar medo, ou de suceder qualquer tipo de apreensão ao expectador, principalmente se você conhece os personagens dos quadrinhos. O diretor Josh Boone não tem nada de novo a oferecer em termos de estilo, embora não chegue a comprometer.
A construção dos personagens é bem meia-boca, até existe alguma química entre Dani e Rahne mas o filme não trabalha de forma tão satisfatória a relação, seja por falta de tempo ou de polimento de roteiro. Sam tem um sotaque americano carregado e uma história não muito interessante e o traço de personalidade de Roberto mais marcante é ser rico, depois é lavar louça.
Já Ilyana poderia ter sido muito melhor aproveitada. Taylor-Joy é sem dúvida a melhor atriz entre eles e sua personagem a mais interessante. Quando ela usa seus poderes é bem maneiro, mostram o limbo, teletransporte, que ela usa certo tipo de magia, a espada… mas nada disso é explicado direito. E principalmente aquelas criaturas que tem ligação com ela, que supostamente deveriam dar medo, mas também não sabemos exatamente o que são, nem da onde vem, porque usam máscara e muito menos porque usam camisa de cetim com corte em v, estilo bicheiro, essa é a parte mais assustadora neles.
Agora voltando a demora de lançamento, o que fica é a sensação de que a espera foi desnecessária. Quem estava com expectativa de algo bom, com certeza vai se decepcionar, em contrapartida, quem esperava que seria uma bomba completa e por isso a Disney quis esconder o filme a qualquer custo, também vai dar com os burros n’água. Este é um filme ordinariamente mediano, que não é capaz de gerar nem um tipo de empatia, boa ou ruim.
Nós estamos no Facebook e você também pode nos achar no Instagram e Twitter, curta as páginas e fique por dentro do UNIVERSO REVERSO.