A trama de Mundo em Caos se passa num futuro não muito distante, num lugar onde as mulheres sumiram e os homens foram afetados pelo Ruído, que é capaz de deixar os pensamentos visíveis e audíveis. Acompanhamos Todd Hewitt (Tom Holland), jovem que tenta provar seu valor diante do prefeito da pequena cidade, mas que com a chegada inesperada de Viola (Daisy Ridley) acaba entrando numa jornada perigosa para ajudá-la.
O filme dirigido por Doug Liman tem como base o livro escrito por Patrick Ness, que também adapta o roteiro junto com Christopher Ford, mas a impressão que se tem é que o autor mesmo estando tão envolvido no projeto, deixou de lado tudo que o tornava realmente interessante a fim de estabelecer um filme de ação genérico que flerta com a ficção-científica.
Claro que minha intensão aqui não é fazer uma análise comparativa entre o livro e o filme, mas conhecendo o material original é impossível não se desapontar com o potencial desperdiçado. Temas como amadurecimento, perda da inocência, a perversidade humana e fanatismo religioso por exemplo, são extremamente superficiais, qualquer um desces temas se bem trabalhados poderiam gerar discussões muito interessantes, mas nada disso é abordado de maneira satisfatória.
A história de fato é simples, embora haja os mistérios deste planeta ou sua colonização e o povo nativo, que não causam quase nenhum impacto quando são revelados. Parece que os realizadores tinham tanta confiança na continuidade do projeto numa trilogia que esqueceram que para isso acontecer o primeiro filme tinha que ser bom.
A construção de mundo é precária, apenas muita floresta e um ou outro animal diferente que também não influenciam em nada, além de muitas vezes serem propositalmente escondidos pra não revelarem um CGI tosco. A fotografia, o figurino e a trilha sonora em nada contribuem para ambientação. É até difícil imaginar aonde foram parar os 100 milhões de dólares gastos na produção.
Um dos únicos pontos positivos que podem ser ditos são os atores. Há muito carisma em Holland e Ridley, e suas interações são definitivamente o ponto alto. Mads Mikkelsen é sempre ótimo, ainda mais como vilão, e aqui embora não tenha muito espaço, cumpre bem seu papel. Os outros personagens pouco tem a acrescentar, e o reverendo Aaron (David Oyelowo) ainda tem o bônus de ser extremamente unilateral.
Já que o filme propõem focar na ação e correria em detrimento do resto, era de se esperar que este aspecto fosse bom, mas não é. A edição muitas vezes é confusa com cortes secos, e a câmera parece se perder em meio a algumas perseguições na floresta.
O mais incrível é que chegando ao final, após um clímax borocochô, nem o suposto gancho para uma eventual continuação é forte o suficiente, ficamos apenas satisfeitos que os protagonistas tenham tomado banho e saído da floresta, o que vai acontecer dali pra frente não poderia importar menos.
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