PUBLICADO EM 20/09/2021

Cry Macho: O Caminho Para Redenção

 

Cry Macho: O Caminho Para Redenção

Clint Eastwood, é sem sombra de dúvidas uma lenda do cinema, e no alto dos seus 91 anos de idade, a cada novo projeto, tanto como diretor ou ator, paira no ar a questão: seria este o último filme dele?

Essa pergunta segue sem respostas, mas em Cry Macho: O Caminho Para Redenção, Eastwood faz uma espécie de revisão de sua carreira, marcada principalmente pelos filmes de faroeste, onde ele interpretava o pistoleiro durão de poucas palavras, que geralmente resolve as coisas na base do tiro. Aqui ele tenta mostrar que é possível resolver as coisas de outras maneiras e faz uma mea-culpa no estereótipo do machão que ele próprio ajudou a construir no cinema.

Em seu novo filme, Eastwood interpreta Mike Milo, um ex-astro de rodeio que recebe a tarefa de ir ao México buscar Rafo (Eduardo Minett), filho de seu antigo chefe. No caminho de volta, junto com algumas dificuldades, uma conexão entre o velho cowboy e o jovem rebelde nasce.

O longa é baseado no livro de N. Richard Nash lançado em 1975, e é ambientado nesta mesma época, algo que não é tão bem representado no filme. Se passando bastante na estrada e em pequenas cidades e vilarejos, a fotografia não cria uma identidade muito específica, dando um ar sempre meio genérico a paisagem.

A noção de passagem de tempo também é muito estranha, pois após passar a fronteira e chegar até a cidade mexicana onde vai buscar o menino, Mike parece levar apenas um dia, e a volta, mesmo com os empecilhos criados, levam semanas. E nenhuma das ameaças envolvidas que impedem o progresso da viagem parecem ser realmente desafiadoras. Todo conflito é rapidamente resolvido sem muitas sequelas.

A relação de Mike com Rafo é até bem feita, mas nada que não tenhamos visto diversas vezes em outros lugares. Em relação a interpretação de Clint, apesar de boa, é muito perceptível o peso de idade, a ponto de algumas cenas onde ele precisa montar num cavalo ou socar alguém não fazem sentido. A edição tenta mascarar esses momentos, mas visto que a proposta do filme era justamente mostrar alguém mais vulnerável, porque simplesmente não tirar isto do roteiro, ou justamente mostrar suas dificuldades fazendo coisas que antes eram simples? A presença da personagem Marta (Natalia Traven) da uma leveza muito bem vinda a trama.

Cry Macho é bastante previsível e peca ao não se aprofundar na sua questão principal e na relação dos protagonistas. Também há várias conveniências e a criação do Galo Ex-Machina, que surge em momentos chave para ajudar.

Com boas intenções, mas com falta de substância, o longa é um típico Sessão da Tarde, sem se arriscar muito e entregando algo de fácil apreciação ao público.

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SOBRE O AUTOR

Vinicius Lunas

Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.

 

 


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