James Gunn conseguiu fazer todo mundo esquecer o fiasco que o Esquadrão Suicida havia sido nos cinemas com o ótimo filme lançado em 2021, e muito disso se deve ao fato dele conseguir dar vida e personalidade a personagens únicos e peculiares. Um exemplo disso foi o Pacificador vivido por John Cena, uma figura totalmente fora da caixa, que diverte pelo absurdo de sua moral deturpada e pela entrega ao ridículo do ator, que caiu como uma luva.
O grande desafio de uma série própria do personagem, é que agora ele teoricamente tinha que ser o herói, e não apenas o antagonista descolado. Gunn sabia que a única maneira de fazer isso era confrontar os erros do passado abertamente, e mais uma vez trazer o relacionamento familiar a tona, como já havia feito anteriormente em Guardiões da Galáxia 2 por exemplo, principalmente a relação entre pai e filho.
A trama começa com Pacificador saindo do hospital após os eventos de O Esquadrão Suicida e sendo cooptado por um novo grupo trabalhando numa missão secreta, que vai crescendo aos poucos a ponto de se tornar uma invasão alienígena. No meio disso ele tenta se reconciliar com seu passado.
Todos os personagens possuem um carisma absurdo, aos poucos você vai se afestoando a eles, mesmo as vezes com seus exageros. Os destaques sem dúvidas são para o Vigilante (Freddie Stroma), Leota Adebayo (Danielle Brooks) e Eagly, que mais que um pet, mostra porque é o melhor amigo do protagonista. Não dá pra deixar de citar Robert Patrick como o odioso pai do Pacificador, sendo um contraponto muito bom para o personagem, e em nenhum momento a relação deles cai em algum clichê.
A trama se divide bem entre os dois plots principais, do Pacificador com seu pai e da missão do grupo. O problema é que em determinados aspectos o vilão se parece bastante com o Starro de O Esquadrão Suicida, que gera uma sensação de repetição. Outro defeito por assim dizer, são alguns diálogos que passam do ponto da piada e ficam apenas irritantes ou redundantes, faltou alguém ao lado de Gunn, para ajudá-lo a dizer quando parar para não perder a magia.
As cenas de ação são muito bem pensadas, tanto as lutas bem coreografadas quanto as mais brutais. Os efeitos especiais são muito bons, melhores até que vários filmes blockbusters. Pela primeira vez existe uma sensação de expansão do Universo DC, de forma coesa e que faça sentido, e essa expansão é apenas o começo, visto que existe várias outras produções em andamento no próprio serviço de streaming.
Pacificador entrega tudo aquilo que prometia, com muita cara de pau, hardrock e um senso de humor as vezes duvidoso, mas que cativa e ainda consegue fazer uma autocrítica de leve ao gênero de super-heróis.
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