Imagine um combo de fast food, com hambúrguer, batata frita e refrigerante, separados são muito bons, mas imagine juntar tudo isso no liquidificador e não é difícil imaginar o resultado grotesco. Esse exemplo é mais ou menos o que acontece em Gêmeo Maligno, filme dirigido pelo finlandês Taneli Mustonen, que também escreve o roteiro ao lado de Aleksi Hyvärinen.
São notáveis as ótimas referencias na dupla, como O Iluminado, Midsommar, O Sexto Sentido e O Bebê de Rosemary, mas quando se junta tudo isso numa coisa só, sem muito embasamento, ficando apenas na homenagem (ou cópia mesmo), tudo vai pelos ares, sobrando apenas uma carcaça vazia.
Na trama, após um trágico acidente que matou seu filho, Rachel (Teresa Palmer) e Anthony (Steven Cree) decidem se mudar e se concentrar em seu filho gêmeo sobrevivente, Elliot (Tristan Ruggeri). O que começa como um tempo de cura e isolamento no campo escandinavo se transforma em uma batalha desesperada pela alma de seu filho, quando uma entidade que afirma ser seu irmão gêmeo morto assume Elliot.
Toda a construção inicial é feita de forma apressada, não há tempo para estabelecer uma forte conexão entre os personagens ou seus traumas, parece que há uma pressa em tentar deixar o público impactado, mas sem uma boa construção anterior o impacto simplesmente é mínimo. Existe também a mania de passar certas informações pela metade, que pode ser encarado como uma espécie de suspense ou mistério, mas que conforme vai passando o tempo, o espectador percebe que é apenas uma cortina de fumaça pra tentar manter a atenção do público.
E o pior de tudo é que eles poderiam ter feito simplesmente qualquer coisa (como fizeram na verdade, talvez não mais por falta de orçamento), já que o plot twist final permite qualquer coisa. E veja bem, se pelo menos a jornada até lá fosse interessante, instigante ou pelo menos estilosa ou arrojada de alguma forma, tudo bem, mas não há nada disso, apenas uma série de clichês que percorrem o gênero de terror a décadas. Pelo menos o jump scare é usado com parcimônia.
É possível dizer que Teresa Palmer ao menos tentou entregar uma atuação digna, mas os diálogos e as situações em que ela é colocada são tão fracas que é um esforço em vão. Talvez se ela se entregasse para uma estilo mais caricato o longa ganharia um tom cômico acidental que melhoraria a experiência. E a questão nem é ser exigente demais, por exemplo, é dito que ela é fotógrafa, e possui uma caixa com algumas máquinas, agora me diga: qual profissional em pleno século 21 não possui ao menos uma máquina digital? Ou um celular com câmera? Ela precisou mandar revelar o filme, tal qual faziam os neandertais.
Gêmeo Maligno é a mais perfeita prova que apenas boas intenções e boas referências não te levam a lugar nenhum, talvez apenas numa casa velha na Finlândia.
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