Era Uma Vez Um Gênio começa se apresentando como uma fábula, e se inspira e referência em vários pontos “As mil e uma noites“. Baseado no conto “The Djinn in the Nightingale’s Eye“, lançado em 1994 pela escritora inglesa A.S. Byatt, a história segue a já clássica fórmula do romance entre uma mulher humana e uma figura fantástica. Dessa vez o cenário é Istambul, onde a Dra. Alithea Binnie (Tilda Swinton), uma acadêmica brilhante e solitária que estuda narratologia e nega o fantástico (embora o experiencie em diversas ocasiões) adquire uma garrafa e descobre um enigmático djinn/gênio (Idris Elba) que como é de praxe lhe oferece três desejos. Desejos que, no entanto, Alithea inicialmente julga desnecessários.
A partir desse evento a história se desenvolve através de flashbacks do gênio. Enquanto os eventos do presente ficam presos quase que inteiramente à um quarto de hotel, os contos do passado nos levam para um universo fantástico e são o ponto alto do filme. Esses trechos são cheios de narração em off que ajuda a caracterizar como fábula, mas é por vezes excessiva.
O visual varia entre momentos surpreendentes e criativos a alguns efeitos pouco convincentes.
A dupla de protagonista é excelente com Idris Elba criando um ser mágico profundo que cativa através de sua habilidade de narrar histórias e Tilda Swinton constrói em vários pequenos detalhes os sentimentos e nuances de um ser humano que escolheu a solidão.
A Dra. Alithea se apresenta como uma estudiosa dos mitos e histórias e munida desse conhecimento se mostra ciente dos riscos e das artimanhas dos gênios, mas, a cada conto parece se identificar e cativar pelo ser fantástico. Dada a firmeza com que a personagem rejeita a necessidade dos desejos e parece segura de suas decisões de vida, a mudança parece um pouco repentina uma vez que tudo parece decorrer em menos de um dia, mas talvez esteja justamente aí para ilustrar o poder das histórias.
O filme tem uma estrutura fragmentada, construído com interessantes histórias menores. A história maior que costura tudo no entanto acaba ficando em segundo plano, parece carecer de eventos significativos e sua conclusão é abrupta.
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