Uma Pitada de Sorte, filme dirigido por Pedro Antônio Paes, é uma comédia leve, que tenta se afastar do tradicional pastelão exagerado, comuns nos filmes nacionais do gênero, mas que ainda sofre de algumas amarras que o deixam com cara de produção “global” pra tv.
Pérola (Fabiana Karla) vive com a mãe (Jandira Martini) e o irmão (JP Rufino). Seu grande sonho é ser reconhecida profissionalmente e, enquanto seu desejo não se torna realidade, a moça trabalha como animadora de festas infantis e sous chef (o segundo no comando de uma cozinha) em um restaurante na Zona Sul do Rio. Tudo começa a mudar na vida de Pérola quando ela é aprovada num teste para ser auxiliar de um renomado chef (Iván Espeche) em um programa de televisão.
O longa faz bem em abordar temas distintos que se complementam, como a gastronomia, e a produção de um programa, teoricamente, gastronômico para tv. Inclusive o segundo parece tomar a frente, e o real sonho da protagonista parece ser deixado de lado. Falta mostrar a real paixão dela por cozinhar, muito é falado, mas pouco mostrado, afinal de contas estamos falando de cinema.
O tom romântico é bacana na maior parte do tempo, mas algumas decisões parecem meio abruptas. E verdade seja dita, em nenhum momento há algum tipo de surpresa, desde o início é possível decifrar o caminho que a trama irá tomar.
Fabiana Karla tem carisma de sobra para levar o filme no papel principal, mas os personagens coadjuvantes carecem da mesma sorte. Muito talvez por conta do texto, Karla consegue extrair graça com sua atuação, na maioria das vezes, mesmo com um texto não muito inspirado, mas não se pode dizer isso dos demais. Um destaque que pode ser feito seria para Regiane Alves, como a produtora Margô, que parece seguir um caminho típico de antagonista mas pelo menos tem um caminho mais satisfatório e justo.
Sem se arriscar muito, e privilegiando a comédia e romance leve, em detrimento de um aprofundamento mais intenso na real paixão da protagonista, Uma Pitada de Sorte cumpre seu papel sem cometer grandes erros, mas também sem ser especialmente marcante.
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Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.
