Casamento em Família é uma adaptação da peça escrita por Michael Jacobs, com roteiro e direção feitas pelo próprio autor. Isso dá um controle e domínio do material único, e pode dar muito certo, como foi o caso de Florian Zeller em Meu Pai (2020). Mas neste caso, falta força no texto e como obra cinematográfica em si.
Michelle (Emma Roberts) e Allen (Luke Bracey) estão juntos há algum tempo e Michelle está começando a querer dar o próximo grande passo e se casar. Mas Allen não tem tanta certeza e entra em pânico. Desesperados, os dois recorrem aos pais. Mas eles têm seus próprios segredos. Quando o casal decide que todos podem se encontrar para jantar, o caos se instala, pois ambos os pais parecem ter uma conexão com o parceiro um do outro.
Todo o inicio do filme tem uma sequência que é extremamente parecida com uma peça de teatro, ambientes fechados, longos diálogos entre os casais, apenas cortando de um pro outro, chegando a ser até um pouco enfadonho.
As coisas só ficam interessantes de verdade quando os personagens todos se cruzam e as tensões criadas são expostas, mas essa estruturação de dividir os personagens em pares continua igual.
A força do filme está sem dúvidas no seu elenco estrelado: Diane Keaton, Richard Gere, Susan Sarandon e William H. Macy carregam o filme nas costas com seus carismas, todos parecem estar se divertindo, principalmente Gere e Sarandon. Já Emma Roberts e Luke Bracey, o núcleo mais jovem e que motiva a união de todos, é também o mais chatinho e desinteressante.
Tirando fato de termos um grande white people problems aqui, o texto acerta em cheio em algumas observações sobre relacionamentos, mas em outras se torna redundando, assim como o humor que oscila muito. Também é difícil não pensar que vários dilemas estabelecidos poderiam ter sido “resolvidos” com um relacionamento não-monogâmico, mas isso sequer é colocado em questão. Uma oportunidade perdida de atualizar o texto original da peça de 1982.
Casamento em Família deve com certeza falar mais próximo de quem já é experiente, constituiu família e tem sua grande carga de acertos e arrependimentos em seus relacionamentos, mas não consegue transpor toda a carga dramática do texto teatral para o filme.
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Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.
