Som da Liberdade, filme dirigido por Alejandro Monteverde, que também escreve o roteiro ao lado de Rod Barr, chega aos cinemas brasileiros depois de fazer muito barulho após sua estreia em julho nos EUA. Muito mais pelo que cerca a produção do que o filme em si, verdade seja dita.
O longa é baseado em uma história real e acompanha o ex-agente especial do Governo Americano Tim Ballard (Jim Caviezel), que embarca em uma missão arriscada para resgatar crianças vítimas de tráfico infantil. Na Colômbia, Ballard decide deixar seu cargo no Governo para seguir em busca da quadrilha em sua jornada que, agora, se torna pessoal.
A produção foi gravada em 2018, e deveria ter sido lançada por uma subsidiaria da 20th Century Fox, mas com a aquisição da empresa pela Disney, o longa foi engavetado. Passado algum tempo o os produtores conseguiram reaver os direitos, para finalmente lançarem o filme nos EUA pela pequena Angel Studios, que tem um catálogo voltado para filmes de viés cristão.
Parte da polêmica vem do fato de que a operação de Tim Ballard, que serve de inspiração para o filme é muito contestada, pelo que fato aconteceu e pelos depoimentos prestados, que não são muito precisos e geram incongruências, principalmente pela abordagem utilizada. Outra questão é que o filme estaria se aproveitando de teorias da conspiração criadas pela extrema direita americana, sobre uma suposta seita de elite global composta por satanistas, canibais e pedófilos que sequestrariam crianças para beber seu sangue. E fato do protagonista do filme, Jim Caviezel, ter dado entrevistas apoiando essas conspirações, não ajuda muito.
A verdade é que apesar de ser possível relacionar o filme com esse movimento conspiracionista, nada nele em si aponta para isso especificadamente, além claro da temática do tráfico infantil, que por sua vez é muito relevante e corajosa de ser abordada. Apesar de alguns momentos um tanto piegas e de diálogos bem caricatos, o tema é bem desenvolvido e não chega a ser apelativo.
O ritmo é um tanto inconstante, pois há uma clara divisão entre duas operações, como se tivessem pego dois episódios de uma série e editado num único filme. Inclusive se fosse uma minissérie poderia ser algo muito mais interessante e com potencia para desenvolver melhor os temas.
Há muitas simplificações sobre como o governo e a operação de tráfico funciona, as vezes tudo parece tudo muito simples, o que acaba tirando o impacto que poderia ter. A trilha sonora também pesa a mão em vários momentos para tentar engrandecer cenas comuns de uma forma muito forçada.
Acaba por fim que Som da Liberdade, por tudo que o envolve, se torna bem mais interessante do que de fato é. Um filme bastante competente no que se propõem, ainda mais por não ter um grande investimento por trás, mas que acaba pecando na sua edição e ritmo e facilitações narrativas.
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