O Exorcista, um clássico do terror lançando em 1973, já teve algumas continuações que nunca chegaram aos pés do original, então o ousado projeto encabeçado por David Gordon Green, que promete uma trilogia, assim como fez recentemente com a franquia Halloween, tem uma tarefa um pouco agridoce.
Por um lado, como nenhum outro projeto conseguiu se sair bem, a régua pode ser colocada lá em baixo, com a prerrogativa de que este deve ser o melhor filme desde o original, mas também fica a pressão de fazer algo que até agora ninguém conseguiu.
Na trama o longa, desde a morte de sua esposa grávida em um terremoto no Haiti, há 12 anos, Victor Fielding (Leslie Odom Jr.) tem criado sua filha Angela (Lidya Jewett) sozinho. Mas quando Angela e sua amiga Katherine (Olivia Marcum) desaparecem na floresta e retornam três dias depois sem memória do que aconteceu com elas, isso desencadeia uma série de eventos que obrigará Victor a confrontar o mal.
Quando se fala em Exorcista, a primeira coisa que se lembra obviamente são das cenas chocantes de uma criança possuída, algumas causam desconforto, repulsa e nojo, por isso ficam tão marcadas em nossa mente. Mas ao revisitar o filme original, vemos que William Friedkin usa muito do tempo de filme desenvolvendo os dois padres que vão performar o grande ato do exorcismo, parece até preciosismo a primeiro momento, mas ao ver este novo filme, percebemos como faz falta.
Green e cia. limitada que desenvolveram o roteiro (ao todo são 5 pessoas creditadas) focam demais em apenas uma das famílias das garotas possuídas, o que poderia ser compreensível tendo em vista o projeto ao longo prazo, que pode abordar mais pra frente outros aspectos deixados de lado aqui, mas ao final desta etapa, fica bem claro o motivo de escolherem um dos lados. E de qualquer forma, o filme precisa se sustentar por si só, mesmo sendo parte de algo maior.
É duro comparar com a obra original, ainda mais depois de tanto tempo, mas o próprio filme busca pela nostalgia ao trazer de volta Ellen Burstyn, e quase como uma participação especial, sem tanto propósito ou impacto narrativo. E quando é feita a comparação na parte da possessão em si, o filme anterior ainda é muito mais ousado, aqui parece uma versão light do que já foi feito antes.
O longa parece usar apenas a marca Exorcista sem se preocupar muito com o real peso disso, fazendo um filme bem genérico, que deixa o exorcismo em si de lado. Em determinado momento o padre literalmente dá a Bíblia na mão de outra pessoa e diz “vai lá, se vira”. Infelizmente não será com O Exorcista – O Devoto que o legado do primeiro filme irá descansar em paz.
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