Depois do sucesso das adaptações cinematográficas dos livros de Jogos Vorazes entre 2012 e 2015, estreladas por Jennifer Lawrence, era de se esperar que em algum momento ela fosse revisitada. Um novo livro foi lançado em 2020, e a Lionsgate não perdeu tempo em adaptar o novo material.
Em Jogos Vorazes – A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes, a trama se passa 64 anos antes da história principal de “Jogos Vorazes”, seguindo a jornada de Coriolanus Snow (Tom Blyth), um jovem de 18 anos cuja família caiu em tempos sombrios, e ele vê um oportunidade de mudar essa situação ao ser escolhido como mentor para os Décimos Jogos Vorazes. Sua empolgação, no entanto, é interrompida ao ele ser indicado como mentor de uma pobre jovem do Distrito 12, Lucy Gray Baird (Rachel Zegler).
Francis Lawrence, que dirigiu três dos quatro filmes anteriores, parece mais a vontade retornando nesta prequel, mais seguro e focado na história que quer contar. Ela é dividida em três atos distintos e um pequeno epílogo. Há uma mudança grande de tom entre essas as partes, principalmente na ação presente majoritariamente na segunda parte onde os jogos entram em cena, mas que o diretor consegue fazer funcionar.
Contra tudo que vemos normalmente em spin-offs, continuações, prequelas, remakes, etc, aqui temos de fato uma história interessante a ser contada, e um recorte bem definido, com começo, meio e fim. Mesmo já tendo visto onde o personagem acaba nos filmes principais, é interessante ver sua construção ambígua até lá.
De certa forma, a jornada de Snow é até mais interessante e pessoal que a de Katniss. Ele não entra nos padrões no herói/heroína cabeça quente, que age por impulso e que põem seus princípios em primeiro lugar, sofrendo por ser até meio ingênuo. Existe ambição em seus movimentos desde o começo, até por questão de necessidade, e as situações o levam a ir testando seus limites a todo momento.
A música tem um papel importante na trama, através da personagem de Rachel Zegler, que já havia mostrado esse seu talento no remake de Amor, Sublime Amor (2021). Curiosamente sua primeira performance, assim que é escolhida como tributo, parece um pouco performática demais, saindo o pouco do clima da situação, mas todas as suas outros momentos são realmente muito bons.
Todo o elenco de apoio, embora com participações reduzidas, também é excelente, assim como aconteceu nos filmes anteriores, jovens atores cercados por grandes nomes, dessa vez como Viola Davis, Jason Schwarzman e Peter Dinklage, que realmente poderia ter mais espaço.
O longa entrega aquilo que se espera de um filme de Jogos Vorazes, mas com um toque mais refinado e consistente. Não há grandes surpresas ou reviravoltas, apenas a construção do personagem, que mostra que mesmo sem estar dentro da arena, o ser humano é capaz de fazer qualquer coisa para sobreviver num mundo doentio.
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