A diretora e roteirista Carolina Markowicz, depois de dirigir vários curtas metragens, vem despontando com longas. Depois do destaque de Carvão (2022) no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, é a vez de Pedágio chamar atenção por festivais internacionais, e tendo sido um dos finalistas para concorrer a vaga brasileira de Melhor Filme Internacional.
Na trama do filme, Suellen (Maeve Jinkings), cobradora de pedágio, percebe que pode usar seu trabalho para fazer uma renda extra ilegalmente. Mas tudo por uma causa nobre: financiar a ida de seu filho, Tiquinho (Kauan Alvarenga), à caríssima cura gay ministrada por um famoso pastor estrangeiro.
Desde o princípio temos um retrato bem cru do dia a dia da protagonista, acordando cedo, indo no banheiro, se arrumando para trabalhar. Isso se expande para todo o filme, que apesar de ter momentos que parecem absurdos, principalmente no que se refere a “cura gay”, está extremamente próximo a realidade.
O tema da homoxessualidade é tratado de forma muito direta, mostrando também uma grande hipocrisia da sociedade, isso sempre com um toque pontual de humor e ironia.
O cenário de Cubatão -SP é muito bem utilizado, as fábricas dão um ar melancólico e meio distópico a narrativa, mas a fotografia do longa consegue enxergar beleza em toda essa frieza. E claro o pedágio do título é parte crucial da trama, onde temos uma grande virada do roteiro.
Jinkings mostra mais uma vez ser uma grande atriz, entregando muito, apenas com sutilezas e simplicidade. Por mais que seja absurdo achar que precisa “curar” o filho para ele ser aceito, em nenhum momento duvidamos de seu sentimento pelo mesmo. Kauan Alvarenga por sua vez peca um pouco pela falta de experiência, e seu personagem exige bastante dele, mas sua sinceridade e falta de amarras acaba compensando. Não poderia deixar de citar também Aline Marta Maia, que interpreta Telma, amiga de Suellen, e que rouba a cena sempre que aparece.
Pedágio é uma grata surpresa, com um roteiro simples e mas muito bem amarrado, tocando assunto muito pertinentes de forma inteligente e clara, sem floreios.
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Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.
