Amy Winehouse foi uma das vozes mais emblemáticas do século 21, sendo inclusive eleita pelo jornal britânico The Times como A maior cantora deste período, com a devida justiça. Mesmo com apenas dois álbum de estúdios lançados antes de sua trágica e precoce morte, ela marcou pra sempre a indústria e milhares de fãs.
Segundo a sinopse oficial, o longa Back to Black conta a história nunca vista antes da ascensão precoce de Amy Winehouse à fama e do lançamento de seu inovador álbum de estúdio, “Back to Black”. Contado a partir da perspectiva de Amy, o filme traz um olhar sem apologias da mulher por trás do fenômeno e do relacionamento que inspirou um dos álbuns mais lendários de todos os tempos.
Dizer que a maioria das cinebiografias feitas atualmente são chapa branca já é chover no molhado, mas em Back to Black isso é elevado a décima potência. E neste caso isso nem se aplica necessariamente a pessoa da Amy e suas controvérsias, mas a quase tudo e todos, que estão a sua volta. Por exemplo, Mitch Winehouse, pai da cantora, muito criticado pelo gerenciamento da carreira dela e atualmente quem administra o seu espólio, em 2011 criticou o desenvolvimento o filme, e após acordos para prosseguir com a produção, curiosamente é retratado quase como um santo no longa.
Mas fora todas essas tentativas de passar um pano enorme para determinadas pessoas ou não saber como lidar com os vícios e compulsões da artista de forma minimamente adequada no roteiro escrito por Matt Greenhalgh, a verdade é que a direção de Sam Taylor-Johnson é completamente desprovida de qualquer tipo de inspiração ou sensibilidade. Mesmo tendo a disposição todas as músicas de Amy ela não é capaz de fazer qualquer tipo de montagem interessante ou emocionante, Um feito e tanto já que o material é simplesmente primoroso.
A respeito de Marisa Abela, interprete de Amy, que também foi bastante criticada na escolha por não se parecer muito com a protagonista, inegavelmente é esforçada e canta bem, mas definitivamente sua atuação é prejudicada pelo roteiro e direção ruins. Seria demais pedir que ela tivesse o mesmo timbre ou que cantasse igual, o que não é o caso mas também não é o problema, mas várias vezes ela parece muito mais que está imitando do que atuando.
Outro grande problema é o período de tempo abordado, o filme começa com Amy com seus 18 anos, indo até seus 27, quando ela falece, ou seja, são quase dez anos condensados em 2h, mas sem o mínimo de direcionamento ou coesão. A noção de passagem de tempo é qualquer coisa, nunca se sabe se se passaram 2 dias, 2 semanas ou 2 anos.
A conturbada relação de Amy com seu marido, Blake (Jack O’Connell) é abordada de forma muito superficial, mesmo com bastante tempo de tela, inclusive o filme passa mais tempo discutindo a relação dos dois do que o seu lado artístico como cantora ou compositora. E assim como acontece com o pai de Amy, sua influência em tudo que ocorre parece ser minimizada, com ele saindo quase como o vítima de várias situações.
É difícil também de entender a relação dela com a fama, já que numa hora ela está jogando sinuca tranquila no bar, ou comprando cigarros no mercado da esquina, e na outra ela começa a ser perseguida por 20 paparazzis na porta de sua casa, e mesmo assim não se discute as reais repercussões disso em sua carreira ou sua vida, apenas está lá.
Tudo que poderia chamar a atenção no filme, tanto as polêmicas quanto o seu grande talento é desperdiçado. É preferível reassistir ou ir atrás do documentário Amy (2015) onde é feito um retrato muito mais honesto e emocionante sobre a vida da cantora do que se arriscar com Back to Black.
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