PUBLICADO EM 17/07/2024

Tuesday: O Último Abraço

 

Tuesday: O Último Abraço

A A24 já bastante conhecida do público por apostar e produzir em produções mais alternativas, que muitas vezes fogem do padrão comum de Hollywood, não é diferente com o caso de Tuesday: O Último Abraço, que no Brasil tem distribuição da Paris Filmes.

O longa é descrito como um conto de fadas lúdico que retrata a difícil jornada de uma mãe (Julia Louis-Dreyfus) e sua filha adolescente (Lola Petticrew) ao confrontarem a morte – que se apresenta através de um surpreendente pássaro falante.

Tuesday tem várias escolhas interessantes, começando pela representação da morte (dublado por Arinzé Kene) como um pássaro que parece ser uma Arara Vermelha. Normalmente poderíamos pensar em aves mais soturna como um corvo, urubu ou abutre, mas essa escolha faz toda diferença, pois apesar de no começo ele estar sujo e ter cicatrizes, quando mostra seu total esplendor é um espécime muito bonito, mostrando que a morte não é exatamente o que imaginamos dela.

Outra escolha interessante é a de Julia Louis-Dreyfus, atriz consolidada na comédia, com séries como Seinfeld e Veep, num papel que exige muito de seu lado dramático. Não que não tenha um pouco de humor, pois devido a situação que ela se encontra com sua filha, uma das válvulas de escape dela parece ser um toque de humor meio ácido, meio desesperado.

Na verdade essa mistura de momentos mais leves com o drama é que gera um filme meio desequilibrado. Sendo este o trabalho de estreia em longas metragens da diretora e roteirista Daina Oniunas-Pusic, talvez a falta de experiencia tenha prejudicado nesse andamento, que é muito complicado de acertar. Mas de qualquer forma não deixa de ser ousado, pois seria muito mais fácil apelar para um dramalhão bem pesado que tenta arrancar a força uma lágrima do público.

É possível descrever o desenrolar do filme como estranho, e não necessariamente num bom sentido, visto que eu particularmente sou a favor de coisas estranhas. Afinal de contas estamos vendo um filme de ficção com elementos fantásticos, não um documentário. Não existe compromisso nenhum com a realidade. Mas existem escolhas que nos fazem questionar o bom gosto as vezes, ou simplesmente a falta de um orçamento maior faz essas escolhas criativas serem prejudicadas.

O que segura de fato o filme são as atuações e a bela mensagem que ele quer passar. É muito difícil não se emocionar com as passagens finais, principalmente se você consegue se relacionar mais pessoalmente com isso. Tuesday vale a pena para quem tem a mente aberta e busca um filme que foge dos padrões, as vezes até demais.

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SOBRE O AUTOR

Vinicius Lunas

Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.

 

 


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