PUBLICADO EM 14/08/2024

Alien: Romulus

 

Alien: Romulus

Alien é uma das grandes franquias de ficção científica de todos os tempos, sempre incorporando elementos de terror e ação, que dão um tom único para as produções. Mas a grande verdade é que não temos um filme realmente bom desde de 1986 com Aliens, O Resgate, e estou tirando da equação Prometheus (2012), que foi inocentado pelo tempo, mas é uma prequela e nem leva o nome Alien no nome.

Alien: Romulus chega com este fardo nos ombros, fardo que Fede Alvarez topou carregar, e ele tem um bom histórico com A Morte do Demônio (2013) e O Homem das Trevas (2016), criando climas tensos e atmosferas macabras em lugares limitados. E a ótima notícia é que ele entrega aqui seu melhor filme até agora.

Na trama, acompanhamos um grupo de jovens colonizadores que se depara com uma estação especial em ruínas. Por lá, eles encontram mais do que gostariam: a criatura mais aterrorizante do universo. O filme descrito inicialmente como uma história isolada no universo da franquia, na verdade se passa entre o primeiro filme, Alien, O Oitavo Passageiro (1979) e o segundo Aliens, O Resgate, e embora apresente personagens totalmente novos, consegue criar uma ligação coesa entre eles.

Alvarez, que escreve o roteiro ao lado de seu habitual colaborador Rodo Sayagues, consegue entender perfeitamente todo clima de tensão, terror e aquela pitada de gore da franquia. Tudo que de melhor já teve ao longos dos filmes já citados anteriormente, conseguem ser incorporados de alguma forma em Romulus e além disso, ele consegue colocar de forma muito mais clara e contundente questões como luta de classes e racismo.

O grupo de jovens só quer sair do planeta de mineração, pois estão atados a contratos abusivos por uma grande corporação e sabem que se não tomarem alguma atitude irão acabar morrendo e substituídos, assim como aconteceu com seus pais. Por isso o grupo precisa da ajuda de Rain (Cailee Spaeny) e de Andy (David Jonsson), ser humano sintético que ela considera como um irmão, e único que conseguiria acessar e desativar o sistema de defesa da estação espacial. Mesmo sendo crucial para o plano, Andy é claramente rejeitado por um dons membros do grupo. Por ser um modelo antigo ele fala e age de maneira um pouco diferente, ao ponto de até apanhar na rua, pois suas diretrizes são pacíficas. E a escolha de um ator negro para interpretar Andy, dá uma camada e significado absurdo para tudo isso.

Nessa introdução dos novos personagens temos o suficiente para entender a dinâmica do grupo e nos importar minimamente com eles quando chegam na estação e começam a se deparar com diversos problemas, principalmente as criaturas mortíferas que querem matá-los. A tensão é construída com calma e vai aumentando gradualmente, mas quando chega, é pra valer. Alvarez usa muito bem a iluminação precária da estação para criar este clima hostil e também do som, e ausência dele (já que estamos no espaço).

Apesar de Rain ser trabalhada como a protagonista desde o começo, o seu impacto só é sentido mais na metade final do longa, e sua relação com Andy é o que engrandece, pois ele é de fato o personagem mais interessante, e David Jonsson faz um ótimo trabalho, mostrando várias vertentes dele.

O alien em si tem uma presença moderada, o que é bom no fim das contas, pois quando aparece sua ameaça é realmente sentida. E é muito bom ver que grande parte das cenas tem efeitos práticos, inclusive com vários profissionais que trabalharam nos filmes originais voltando. Também existem várias rimas visuais e homenagens aos filmes clássicos, mas nada disso soa gratuito ou forçado.

Algo que pese contra Romulus são algumas cenas de ação que acabam sendo muito picotadas e com a baixa iluminação fica muito difícil entender exatamente o que acontece.

Alien: Romulus pode ser colocado lado a lado facilmente com os melhores filmes da franquia, não a toa Ridley Scott e James Cameron deram um feedback positivo sobre a produção, e finalmente podemos ver o xenomorfo novamente de volta aos trilhos.

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  4.5

 

SOBRE O AUTOR

Vinicius Lunas

Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.

 

 


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