Pisque Duas Vezes é o filme que marca a estreia da atriz Zoë Kravitz na direção, e ela está longe de ficar numa zona de conforto, se arriscando num suspense onde as coisa não são exatamente o que parecem.
Na trama, quando o bilionário de tecnologia Slater King (Channing Tatum) conhece a garçonete Frida (Naomi Ackie) em sua gala de arrecadação de fundos, faíscas voam. Ele a convida para se juntar a ele e seus amigos nas férias dos sonhos em sua ilha particular. É o paraíso. Noites selvagens se misturam com dias ensolarados e todos estão se divertindo. Ninguém quer que esta viagem acabe, mas à medida que coisas estranhas começam a acontecer, Frida começa a questionar a sua realidade.
Kravitz usa e abusa do super close no rosto de seus personagens, buscando nos aproximar de cada detalhe de suas expressões e reações, e isso é cada vez mais importante conforme a trama vai se desenrolando e Frida percebe que pode estar com sérios problemas. Os sorrisos vão ficando forçados, as dúvidas começam a aparecer e os olhares do magnata cada vez mais significativos e duvidosos.
Uma tensão vai sendo criada aos poucos, de forma bastante competente e a edição é muito interessante, com cortes rápidos, as vezes jogando imagens fora de contexto, mas quando o mistério é relevado acaba sendo meio anticlimático, pois cai num lugar comum. Mas ai é que está a questão, talvez isso seja intencional, pois apresentar um elemento fantástico ou culto sinistro fazer sentido, ao mostrar que a situação não passa de um capricho de pessoas poderosas e ricas, apesar de bizarra e impactante, pode tornar tudo ainda mais aterrorizante.
Kravitz também escreve o roteiro ao lado de E.T. Feigenbaum, e como estreia de ambos em longas metragens, fazem um trabalho bastante competente, embora personagens secundários estejam apenas ali para fazer volume ou desempenhar um papel puramente prático, sem nenhum tipo de aprofundamento.
Naomi Ackie segura bem o papel principal e sua relação com a personagem de Adria Arjona é a mais interessante por tudo que ela tem a dizer sobre a representatividade feminina nas telas. Tatum não parece ter que se esforçar muito para fazer um playboy descolado, por isso se encaixa perfeitamente no papel.
É possível fazer correlação deste longa com Corra! de Jordan Peele, mas uma comparação direta só serviria pra enfraquecer este filme aqui em questão. O final flerta com um slasher padrão, mas sem muito brilho ou novidade, o mais importante mesmo é a mensagem passada, de forma bem clara e eficiente. De qualquer forma Zoë Kravitz surpreende positivamente comandando um filme ousado e interessante.
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