Longlegs – Vínculo Mortal, filme de suspense/terror escrito e dirigido por Oz Perkins, se tornou sensação nos EUA devido a grande procura e sucesso comercial, visto que o filme teve um orçamento abaixo de US$ 10 milhões e já no primeiro final de semana arrecadou mais que o dobro disso. Muito disso se deve pelo fato do marketing agressivo e do boca a boca favorável, que despertaram a curiosidade do público por um filme feito de maneira quase independente.
Na trama, a agente do FBI Lee Harker (Maika Monroe) é designada para um caso envolvendo um serial killer impiedoso que se autointitula LONGLEGS (Nicolas Cage). O assassino costuma deixar pistas com símbolos nas cenas do crime que apenas a agente é capaz de decifrar. A investigação toma rumos inesperados, enquanto Harker descobre uma conexão macabra com o assassino.
Uma boa investigação sempre vai chamar a atenção, e temos ótimos exemplos que devem ter servido de inspiração aqui, como Seven, Zodíaco, True Detective e porque não Twin Peaks, já que boa parte da história se passa no começo dos anos 90 e um toque sobrenatural está presente desde o princípio, mas sem ser muito invasivo.
Outro ponto que obviamente chama atenção é a simples presença de Nicolas Cage, que está num momento muito interessante de sua carreira, selecionando seus projetos com mais cuidado, fazendo coisas diferentes e que ele realmente quer fazer e não apenas para pagar as contas. E é difícil imaginar outro ator que poderia dar tanta personalidade e estranheza ao papel. Perkins é muito perspicaz ao esconder o serial killer, mesmo quando ele está em cena, com um plano que tira sua cabeça de quadro, cortes rápidos que geram sustos involuntários, planos distantes, desfocados. Em alguns momentos ouvimos apenas sua voz, bem afetada.
Mas também de forma muito acertada ele não fica escondido até o final, no momento oportuno ele aparece e não deixa de ser um tanto quanto chocante, não por ser uma figura aterrorizante, mas muito muito esquisito, com um bom trabalho de maquiagem que faz Cage ficar irreconhecível. Ele está livre leve e solto para fazer tudo que só o Nicolas Cage pode fazer, é bizarro, é assustador, é esquisito e até meio bobo em certos momentos, e é por isso difícil imaginar outro ator que pudesse entregar tudo isso de uma vez só, de maneira brilhante.
Monroe também está ótima, com uma interpretação muito particular de uma agente do FBI. Longe de ser o arquétipo durona, ou totalmente fragilizada, ela encara os desafios, mesmo com medo e claro utilizando seu intelecto.
Os flashbacks são bem marcados pela utilização da formatação de tela 4:3, comuns nas tvs antigas, e várias imagens soltas são jogadas ao longo do filme acentuando ainda mais o clima tenso criado. A cor vermelha também é utilizada de maneira marcante evidenciando e gerando a expectativa da violência iminente.
O roteiro escorrega um pouco no decorrer da investigação, com elementos que são inseridos mas acabam não tendo muito impacto sem ser o estético ou apenas gerar mais estranheza. O longa aposta mais no suspense do que no terror propriamente dito, e embora tenha seus momentos de susto, bem criados, leva seu próprio tempo para deslanchar.
O grande trunfo de Longlegs é sua construção de tensão e atmosfera impecável, e uma atuação memorável de Nicolas Cage. O que é feito aqui com muito pouco alguns filme sonham em fazer com orçamentos astronômicos.
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