Hellboy é um personagem criado nos quadrinhos por Mike Mignola, que pela primeira vez põem a mão na massa no roteiro de uma adaptação live–action, juntamente com Christopher Golden e Brian Taylor, que também dirige o novo longa. Talvez o envolvimento direto do criador do personagem se deve pelo fato do último projeto, Hellboy (2019), simplesmente ter sido um fracasso retumbante, e tentando evitar uma nova tragédia ele assume a bronca.
Na trama do filme, Hellboy (Jack Kesy) se une a uma agente novata da B.P.D.P. (Adeline Rudolph) na década de 1950 e são enviados para os Apalaches. Lá, descobrem uma remota e assombrada comunidade, dominada por bruxas e liderada pelo sinistro demônio local, conhecido como O Homem Torto (Martin Bassindale). À medida que exploram os mistérios sombrios deste lugar isolado, Hellboy confronta segredos enterrados de seu próprio passado, levando-o a uma batalha contra forças malignas que ameaçam desencadear o caos sobre o mundo.
Claramente este filme é voltado mais para o terror, e não a ação/aventura como nos projetos anteriores, e essa é uma mudança bem vinda, já que este elemento sempre esteve de algum modo nos quadrinhos mas nunca tinha sido explorado totalmente, nem por Guillermo del Toro. Mas tendo visto o longa como um todo, essa escolha provavelmente se deu também pelo baixo orçamento do filme.
É muito mais fácil esconder a pobreza dos cenários, dos efeitos e cenas de lutas descoordenadas, no escuro, com cortes rápidos e feixes de luz aleatórios. Grande parte do filme se passa numa floresta, uma das mais simples diga-se de passagem, e além disso em espaços fechados como cabanas no meio do mato e uma igreja. Tudo, esteticamente falando, é pobre. Até mesmo o próprio Hellboy, que parece apenas um cara pintado de vermelho e com uma mão dura. É quase engraçado ver a falta de mobilidade que a mão gigante do nosso herói tem.
Até poderíamos relevar um pouco essas questões técnicas, se pelo menos o roteiro fosse bom, o que não é o caso. Nem a presença de Mignola, faz a trama ser realmente interessante. Parece até um episódio qualquer de alguma série de tv, tipo Sobrenatural, mas sem o mesmo carisma dos protagonistas. Tudo vai acontecendo meio que por acaso, eles continuam lá por mera conveniência mais do que qualquer outra coisa, e no final enfrentam uma ameaça genérica, com a tentativa ainda de criar um drama do Hellboy com sua mãe, e uma ligação romântica Hellboy e sua amiga do B.P.D.P..
B.P.D.P. que só é mencionado no filme, nem uma logo sequer é mostrada, que seja no trem do início do filme, ou no helicóptero no final. Isso só mostra uma falta de cuidado com os detalhes e com a mitologia do personagem, que é muito rica. Por algum motivo também a edição usa fades extremamente longos em algumas transições, que acabam deixando tudo meio brega.
Hellboy e o Homem Torto, mesmo que com boas ideias no papel, em tentar algo diferente do que já foi feito no cinema com o personagem, maltrata demais o mesmo com um filme feito sem o mínimo de cuidado, que deve sentenciá-lo a ficar na geladeira novamente.
Nós estamos no Facebook e você também pode nos achar no Instagram, e Twitter, curta as páginas e fique por dentro do UNIVERSO REVERSO.