Considerado um clássico da Sessão da Trade (pelo menos por mim), Os Fantasmas se Divertem (1988) tinha um charme único, misturando comédia e um pouco de terror, com ótimos efeitos práticos, e pode ser visto como o longa metragem que inicia a fase de ouro de Tim Burton, que na sequência faria Batman (1989), Edward Mãos de Tesoura (1990) e Batman: O Retorno (1992).
Diferente de várias outras franquias, esta ficou quietinha, sem ser revirada ou revisitada até agora, excluindo a animação que foi ao ar entre 1989 e 1991. Esse distanciamento sempre ajuda a fazer a nostalgia falar mais alto, mas será que o filme se justifica para além disso?
Na trama de Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice, depois de uma tragédia familiar inesperada, três gerações da família Deetz voltam para casa em Winter River. Ainda assombrada por Beetlejuice (Michael Keaton), a vida de Lydia (Winona Ryder) vira de cabeça para baixo quando sua filha adolescente rebelde, Astrid (Jenna Ortega), descobre a misteriosa maquete da cidade no sótão, e o portal para a vida após a morte é acidentalmente aberto. Com problemas em ambos os reinos, é apenas uma questão de tempo até que alguém diga o nome de Beetlejuice três vezes, e o demônio travesso volte para levar ao mundo seu próprio estilo de caos.
Antes de tudo é preciso dizer que é um grande alívio ver um filme com um visual tão único e cheio de personalidade, é de fato o Tim Burton no seu melhor, com ótimos efeitos práticos, maquiagens e principalmente o stop-motion. As vezes parece que os filmes esquecem que são antes tudo, filmes! Porque tentar fazer um verme de areia gigante em CGI se é possível uma linda animação em stop-motion? Burton cria seu universo próprio do além vida para que esse tipo de coisa possa ser feita e funcione.
Michael Keaton está super a vontade no papel de Beetlejuice, embora pareçam ter suavizado um pouco seu lado “vilão”, já que a verdadeira ameaça é Delores, a personagem de Monica Bellucci. Descobrimos até um pouco mais sobre o personagem, incluindo como ele morreu, mas nada muito aprofundado. Inclusive a própria Delores, é motivada apenas por vingança, e passa o filme todo deixando alguns corpos pra trás mas quase sem proferir uma palavra. Outro grande desperdício é o personagem de Willem Dafoe, que aparece em momentos pontuais, mas a verdade é que se ele não existisse, não mudaria absolutamente nada na trama.
O roteiro peca ao ter essas duas tramas paralelas, do mundo dos mortos, e da tentativa de reconciliação entre mãe e filha no mundo dos vivos, e até que tudo se junte o filme demora pra engrenar de fato, e quando faz, não existem grande desafios para serem superados. Existem uma ótima mensagem sobre o comportamento predatório masculino, com manipulação e tentativa de tirar sempre vantagem de alguém que está em uma situação inferior ou fragilizada emocionalmente, algo que a própria Winona enfrentou em Hollywood, mas as resoluções acabam sendo bem simples e óbvias de qualquer forma.
O longa repete muita coisa que já havia funcionado no primeiro filme, e apesar de ser bem feito, poderia ter explorado mais esse mundo dos mortos, expandido sua mitologia, e criado situações mais criativas, e não apenas um visual bonito.
Os Fantasmas Ainda se Divertem, e o público também ainda pode se divertir se deixando levar por uma boa aventura, muito digna de Sessão da Tarde, no melhor sentido possível.
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