O Brutalista é um dos principais filmes dessa temporada de premiações, seja por sua qualidade ou por suas polêmicas. Indicado a 10 Oscars é um dos principais candidatos a levar a estatueta de melhor Filme, Direção e Ator.
No filme acompanhamos a vida de László Tóth (Adrien Brody), um arquiteto húngaro-judeu que sobrevive ao Holocausto e emigra para os Estados Unidos. A história abrange três décadas, destacando o impacto de um contrato com um multimilionário volúvel (Guy Pearce), que define sua vida e carreira. Essa rica jornada ainda explora temas como arte, identidade, e a complexidade do tão almejado sonho americano.
O brutalismo, para quem não sabe, é um estilo de arquitetura que surgiu na metade do século XX, após a Segunda Guerra Mundial. Nele eram valorizadas formas frias e funcionais, com muito concreto aparente, sendo uma resposta aos valores românticos e nostálgicos da arquitetura da década anterior. Esse por si só seria um assunto muito interessante de ser abordado, mas é a relação do brutalismo com a personalidade do protagonista que é a grande sacada.
László é um grande arquiteto e como o chefe dele diz mais de uma vez, tem uma conversa estimulante intelectualmente. Mas até por conta da situação em que vive é uma pessoa fechada e por vezes difícil de lidar. Mas László é assim porque sabe que no fundo, ele e sua família nunca deixaram de ser os estrangeiros, ele só quer terminar o seu trabalho, de forma direta e reta.
Harrison, o personagem de Pearce, pode ser visto como o próprio EUA, pois é aquele que lhe dá a mão e oferece uma oportunidade, e também é o que mais o humilha e o despreza no fundo. O único interesse real é em suas habilidades como arquiteto, que podem ser empregadas para ele ser visto como alguém ainda mais rico e poderoso.
O filme é dividido em duas partes e um pequeno epílogo. A primeira parte é irretocável, a chegada de László nos EUA, sua relação com o primo (Alessandro Nivola) que tenta apagar sua origem para ter sucesso no novo país e o começo de sua relação com Harrison. A segunda metade conta com a presença física da esposa de László, Erzsébet Tóth (Felicity Jones) que antes surgia apenas através da narração em off de das correspondências com seu marido, e essas são as passagens mais polêmicas do longa.
Algum tempo depois do filme ser bastante elogiado nos festivais, e ganhar prêmios inclusive, foi revelado que Adrien Brody e Felicity Jones tiveram suas falas em húngaro melhoradas por Inteligência Artificial, para que soassem como fluentes da língua. Não dá pra saber o quanto isso realmente ajudou, se era realmente necessário e se tira totalmente os méritos de atuação deles, mas o fato de não haver nenhuma regulamentação ou obrigatoriedade de ser dito quando é usada essa ferramenta deixa o publico talvez com a sensação de ser enganado, por mais bem feito que esteja.
O diretor Brady Corbet consegue conectar a estética brutalista com a narrativa com filme, quase como se fosse um personagem próprio e mesmo com uma queda de ritmo na segunda metade e um final bastante anticlimático após as mais de 3h30 de filme, O Brutalista ainda é um filme muito bom, que põem em xeque os valores do american way of life de forma direta e sem firulas, assim como todo restante do tema do filme.
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