PUBLICADO EM 07/05/2025

Karatê Kid: Lendas

 

Karatê Kid: Lendas

Karatê Kid teve seu auge ao longo dos anos 80, e sobreviveu ao longo dos anos 90 e 2000 por conta da nostalgia dos fãs e reprises na tv. Em 2010 ouve um remake relativamente bem sucedido, que trouxe uma nova leva de fãs, mas que parou por ai. O novo ressurgimento da franquia veio inesperadamente com a série Cobra Kai, que estreou em 2018 como um projeto original para o Youtube Premium, e depois de ser cancelada após duas temporadas foi salva pela Netflix, se tornando um dos grandes sucessos da plataforma.

Isso possibilitou um novo projeto mais ambicioso para os cinemas, promovendo o encontro entre Ralph Macchio e Jackie Chan, unindo tanto os fãs do original e da série, como o do remake.

Na trama do longa, após uma tragédia familiar, o prodígio do kung fu Li Fong (Ben Wang) deixa sua casa em Pequim e se muda para Nova York com sua mãe (Ming-Na Wen). Li luta para deixar seu passado para trás enquanto tenta se encaixar com seus novos colegas de classe e, embora não queira brigar, problemas parecem encontrá-lo em todos os lugares. Quando um novo amigo precisa de sua ajuda, Li entra em uma competição de karatê – mas suas habilidades por si só não são suficientes. O professor de kung fu de Li, Sr. Han (Jackie Chan), convoca Daniel LaRusso (Ralph Macchio) para ajudar, e Li aprende uma nova maneira de lutar, fundindo seus dois estilos em um para o confronto final de artes marciais.

Karatê Kid é o suprassumo da nostalgia, porque todo fã com total controle das suas faculdades mentais sabe que o filme original não é nenhuma obra de arte, mas é algo tão próprio do seu tempo e acompanha uma bagagem de tempos mais simples que é impossível não ter um carinho especial por ele. Cobra Kai acabou sendo um sucesso por conta de entender esse apelo nostálgico, mas corrigindo coisas que no passado faziam sentido e hoje não fazem mais, com muitas doses de cafonice e momentos “massavéio“. Eu particularmente a considero melhor pior série.

Dito isso, o filme tem muito mais a ver com o remake de 2010 do que qualquer outra coisa. Temos algumas inversões de situação, como protagonista chinês indo para os EUA, e ele tendo que ensinar alguém a lutar ao invés de só aprender. O primeiro terço do longa da a impressão de que os traumas e os aspectos mais introspectivos do personagem principal vão ser um componente de muito impacto na trama, e o filme demora até se tornar um filme de luta de fato, o que é até surpreendente. Mas a partir de certo momento todo esse desenvolvimento é jogado pela janela e tudo que queremos é ver ele dando pirueta no ar e saindo na porrada com alguém, afinal ainda estamos falando de um filme de luta.

E é um filme de luta mesmo, sem se preocupar muito com o estilo, pois além do karatê e kung fu, ainda temos lutas de boxe. Não seria surpresa se daqui a pouco tivéssemos um MMA Kid. No meio de tudo isso, temos algumas lutas bem coreografadas, que lembram um pouco o melhor estilo do Jackie Chan, mas que ainda ficam abaixo obviamente. O diretor Jonathan Entwistle, mais conhecido por seus trabalhos em série de tv, talvez não consiga tirar o melhor das cenas de luta, mas faz um trabalho competente. O seu forte mesmo parece ser a interação com o elenco jovem.

Falando em série de tv novamente, dá a impressão que o filme talvez seria melhor se tivesse sido dividido em capítulos e com mais tempo para desenvolvimento. Pois existem várias coisas que são apresentadas e ficam no ar, ou simplesmente não tem desenvolvimento satisfatório. Todo o plot da dívida do Victor (Joshua Jackson), que deveria ser uma grande ameaça, no final não parece ter muito peso, o rival de Li, interpretado por Aramis Knight, é apenas um cara mal e ponto, não existe construção nenhuma. E a mãe do li, que inclusive divide o trauma com ele, sequer tem nome no filme.

Apesar de tudo isso, Karatê Kid: Lendas consegue cativar com bons momentos cômicos e de lutas. É como estar assistindo o mesmo filme pela terceira ou quarta vez, com uma ou outra mudança? Sim, sem dúvida, mas ainda é divertido. O filme apela para nostalgia de forma consciente, se aproveitando de uma estética mais descolada para cativar uma nova geração, mas sem esquecer do público antigo.

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SOBRE O AUTOR

Vinicius Lunas

Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.

 

 


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