PUBLICADO EM 03/08/2023

A Era de Ouro

 

A Era de Ouro

Num momento muito prolífico para cinebiografias, A Era de Ouro, busca fazer algo um pouco diferente, focando numa gravadora e no principal responsável por fazer dela uma das principais da era disco, mesmo sendo independe.

Situado nos anos 1970, o filme retrata a vida e carreira de Neil Bogart (Jeremy Jordan), cofundador da Casablanca Records, gravadora responsável por lançar nomes da música que até então eram desconhecidos como Donna Summer, Kiss, Village People e Bill Whiters.

A princípio, tudo parece muito interessante, o contexto de uma cena musical efervescente, nomes musicais de peso, a luta de uma gravadora independente brigando contra as grandes corporações, e ainda temos um projeto muito íntimo para o diretor e roteirista, Timothy Scott Bogart, simplesmente filho de Neil Bogart. Mesmo assim, nada disso garante um bom filme.

O longa parece se perder entre ser uma biografia de Bogart, ou sobre a Casablanca Records, claro que ambas as coisas se mesclam, e um recorte da vida do produtor musical teve que ser feito, mas parece muito desbalanceado.

A caracterização dos personagens e cenários não chega a encher os olhos, os anos 70 são conhecidos por seu visual icônico, mas em nenhum momento essa atmosfera consegue nos envolver. Falando sobre o protagonista, Jeremy Jordan, ele se esforça bastante, mas sua atuação as vezes parece caricata, algo que poderia se encaixar bem num teatro, mas que cinema não encaixa. As cenas em que ele faz narração em off e conversa com o público, quebrando a quarta parede, pouco ajudam ou acrescentam a narrativa.

É muito divertido ver grandes nomes da música aparecendo aos poucos, o Kiss é um dos primeiros, e junto com Donna Summer são os principais destaques. Claro que a música é ótima, mas isso não é mérito do filme, a grande questão são que os números musicais são em sua maioria ridículos. Artistas são mostrados no palco com muitos closes e contra plongée, e quando mostram o contra plano vemos uma plateia falsa feita em CGI grotesco. Isso acontece em todas as apresentações grandes, e é simplesmente anticlimático.

Por melhores que fossem as intenções do diretor em homenagear seu pai, sua inexperiência e um orçamento não muito alto acabaram por falar mais alto. Ele poderia ter tentado fazer algumas montagens no estilo de videoclipe, usar imagens de arquivo, tentar algo diferente para mascarar a precariedade, mas nada disso é feito.

No final, já durante os créditos, vemos algumas entrevistas do verdadeiro Neil Bogart e imagens de arquivo, que são muito interessantes, mas que deixam uma clara sensação que se o filme fosse um documentário seria bem mais interessante e melhor executado, ou seja algo que era pra ser bom acaba jogando contra. Isso sem falar que um cinebiografia só do Kiss ou de Donna Summer renderiam algo muito mais interessante também.

A Era de Ouro peca ao não conseguir captar todo o espírito dos anos 70 nem emocionar genuinamente, tanto pelos números musicais ou pelo drama do protagonista, uma ótima oportunidade desperdiçada para uma proposta muito interessante, infelizmente.

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  2.5

 

SOBRE O AUTOR

Vinicius Lunas

Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.

 

 


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