Após adaptar o livro Me Chame Pelo Seu Nome (2017) e fazer o remake de Suspiria (2018) um clássico do terror, chegou a vez do cineasta italiano Luca Guadagnino, juntamente com o roteirista David Kajganich, adaptar Até os Ossos, romance de Camille De Angelis.
A trama acompanha a história de amor entre Maren (Taylor Russel), uma jovem que aprende a sobreviver à margem da sociedade, e Lee (Timothée Chamalet), um andarilho intenso e desprivilegiado.
Uma leve pesquisa sobre o filme mostra o seu grande diferencial de um simples história água com açúcar de romance, um dos fatores que une esses dois personagens desajustados é sua necessidade por consumir carne humana. E mesmo que você vá desavisado assistir ao longa ele expõem esse fato logo de início, sem muita enrolação, com a introdução de Maren, que é quem conduz a narrativa.
Existem cenas fortes e bem gore, ou talvez não tanto, mas com certeza mais do que se espera de um filme sendo vendido muito mais como romance do que qualquer outra coisa. Apesar disso, esta condição dos personagens é tratada de forma muito peculiar, passando de uma doença pra algo quase como um culto, onde seus iguais conseguem se reconhece quase maneira meio mística. Isso parece confuso no começo, mas quando você entende e supera esse fato, consegue deixar as coisas fluírem melhor.
Russel consegue transmitir toda a confusão e por vezes fragilidade de sua personagem, que acima de qualquer coisa tenta se entender, e por isso busca por suas origens. Ao longo do caminho cruza com tipos bastante estranhos, entre eles Sully, interpretado por Mark Rylance, que entrega uma performance incrível.
O personagem de Chalamet surge em um momento mais avançado do longa, e é onde temos a primeira virada do filme. Juntos eles se entendem, ambos tem passados conturbados e almas quebradas, mas acham um no outro algum tipo de conforto. Temos aqui neste momento um filme de estrada misturado com coming of age, com pitadas de horror aqui e ali.
Quando tudo parece meio resolvido e se encaminhando pra um final bem Sessão da Tarde, temos um momento final simplesmente arrebatador e muito intenso. Há espaço para análises sobre analogia do canibalismo com drogas, sexo, etc, mas cada um pode trazer sua interpretação para mesa, o que torna Até os Ossos uma experiência bastante desafiadora e interessante.
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