PUBLICADO EM 16/05/2024

Back to Black

 

Back to Black

Amy Winehouse foi uma das vozes mais emblemáticas do século 21, sendo inclusive eleita pelo jornal britânico The Times como A maior cantora deste período, com a devida justiça. Mesmo com apenas dois álbum de estúdios lançados antes de sua trágica e precoce morte, ela marcou pra sempre a indústria e milhares de fãs.

Segundo a sinopse oficial, o longa Back to Black conta a história nunca vista antes da ascensão precoce de Amy Winehouse à fama e do lançamento de seu inovador álbum de estúdio, “Back to Black”. Contado a partir da perspectiva de Amy, o filme traz um olhar sem apologias da mulher por trás do fenômeno e do relacionamento que inspirou um dos álbuns mais lendários de todos os tempos.

Dizer que a maioria das cinebiografias feitas atualmente são chapa branca já é chover no molhado, mas em Back to Black isso é elevado a décima potência. E neste caso isso nem se aplica necessariamente a pessoa da Amy e suas controvérsias, mas a quase tudo e todos, que estão a sua volta. Por exemplo, Mitch Winehouse, pai da cantora, muito criticado pelo gerenciamento da carreira dela e atualmente quem administra o seu espólio, em 2011 criticou o desenvolvimento o filme, e após acordos para prosseguir com a produção, curiosamente é retratado quase como um santo no longa.

Mas fora todas essas tentativas de passar um pano enorme para determinadas pessoas ou não saber como lidar com os vícios e compulsões da artista de forma minimamente adequada no roteiro escrito por Matt Greenhalgh, a verdade é que a direção de Sam Taylor-Johnson é completamente desprovida de qualquer tipo de inspiração ou sensibilidade. Mesmo tendo a disposição todas as músicas de Amy ela não é capaz de fazer qualquer tipo de montagem interessante ou emocionante, Um feito e tanto já que o material é simplesmente primoroso.

A respeito de Marisa Abela, interprete de Amy, que também foi bastante criticada na escolha por não se parecer muito com a protagonista, inegavelmente é esforçada e canta bem, mas definitivamente sua atuação é prejudicada pelo roteiro e direção ruins. Seria demais pedir que ela tivesse o mesmo timbre ou que cantasse igual, o que não é o caso mas também não é o problema, mas várias vezes ela parece muito mais que está imitando do que atuando.

Outro grande problema é o período de tempo abordado, o filme começa com Amy com seus 18 anos, indo até seus 27, quando ela falece, ou seja, são quase dez anos condensados em 2h, mas sem o mínimo de direcionamento ou coesão. A noção de passagem de tempo é qualquer coisa, nunca se sabe se se passaram 2 dias, 2 semanas ou 2 anos.

A conturbada relação de Amy com seu marido, Blake (Jack O’Connell) é abordada de forma muito superficial, mesmo com bastante tempo de tela, inclusive o filme passa mais tempo discutindo a relação dos dois do que o seu lado artístico como cantora ou compositora. E assim como acontece com o pai de Amy, sua influência em tudo que ocorre parece ser minimizada, com ele saindo quase como o vítima de várias situações.

É difícil também de entender a relação dela com a fama, já que numa hora ela está jogando sinuca tranquila no bar, ou comprando cigarros no mercado da esquina, e na outra ela começa a ser perseguida por 20 paparazzis na porta de sua casa, e mesmo assim não se discute as reais repercussões disso em sua carreira ou sua vida, apenas está lá.

Tudo que poderia chamar a atenção no filme, tanto as polêmicas quanto o seu grande talento é desperdiçado. É preferível reassistir ou ir atrás do documentário Amy (2015) onde é feito um retrato muito mais honesto e emocionante sobre a vida da cantora do que se arriscar com Back to Black.

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SOBRE O AUTOR

Vinicius Lunas

Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.

 

 


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