PUBLICADO EM 01/02/2023

Batem à Porta

 

Batem à Porta

O cineasta M. Night Shyamalan, ganhou notoriedade com o filme O Sexto Sentido (1999), que tem um plot twist final impactante, e ao longo da sua carreira ele acabou sofrendo um pouco com isso, pois sempre se esperava algo parecido. Com altos e baixos na sua filmografia, chegamos a seu novo longa, Batem à Porta, que é baseado no livro “The Cabin at the End of the World” de Paul Tremblay.

A trama acompanha a jovem Wen (Kristen Cui) e seus pais Eric (Jonathan Groff) e Andrew (Ben Aldridge) de férias em um chalé distante, quando são feitos reféns por quatro estranhos armados (Dave Bautista, Nikki Amuka-Bird, Abby Quinn e Rupert Grint) que exigem uma escolha inimaginável da família para evitar o apocalipse. Com acesso limitado ao mundo exterior, a família deve decidir no que realmente acredita antes que tudo esteja perdido.

Shyamalan, que escreveu o roteiro ao lado dos estreantes Michael Sherman e Steve Desmond, não perde muito tempo com apresentações e começa criando um clima de tensão absurdo quando Leonard, personagem de Bautista aborda a jovem Wen caçando gafanhotos em frente a cabana. Sabemos que algo de ruim está para acontecer, mas todo o comportamento de Leonard é exemplar e destoa completamente de sua aparência e do que ele está prestes a fazer. E quanto mais o tempo passa mais percebemos que não se trata de fingimento de sua parte, ele realmente acredita no que está fazendo e o pesar em suas palavras e ações é palpável. E nisso cabe dizer que a atuação de Bautista é excelente, de todos os atores que fizeram transição do mundo das lutas para o cinema como John Cena e The Rock, ele sem dúvidas é o mais talentoso.

O longa depende muito das atuações já que se passa maioritariamente num único cenário, então Shyamalan abusa dos close-ups nos rostos para capitar suas expressões. Em determinados momentos temos flashbacks mostrando mais do relacionamento de Eric e Andrew e suas personalidades, o que ajuda no ritmo do filme e para justificar algumas ações e comportamentos no presente.

Todas as explicações fornecidas para o que está acontecendo podem ser questionadas, e esse é o ponto onde pode haver uma divisão na audiência, alguns vão amar e outros odiar. Mas a questão é que no fundo isso nem importa tanto, o diretor está mais preocupado com como a família vai reagir diante daquele impasse imposto.

No atual momento da nossa sociedade de uma maneira geral, a discussão sobre fanatismo, seja ele religioso ou político, é válida, mas não chega a ser muito aprofundada. O grande trunfo do filme ao longo de seu percurso é sempre deixar a dúvida sobre a veracidade do que está acontecendo, mas no final isso é deixado de lado, quebrando um pouco do impacto que poderia ter causado caso fosse um final mais aberto e interpretativo. Provavelmente a vontade de agradar um público maior deva ter deixado as coisas mais claras no final, por mais divisivo que possa ser.

Independente disso, Shyamalan não se deixa levar querendo colocar um grande plot twist mirabolante final, o longa se constrói ao redor dessa tensão e impasse e vai desenvolvendo seus desdobramentos até o final, entregando um bom suspense com pitadas de terror no melhor estilo do cineasta. Vale muito a pena pra quem já está acostumado com o estilo de filme que ele propõem.

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  3.5

 

SOBRE O AUTOR

Vinicius Lunas

Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.

 

 


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