PUBLICADO EM 29/08/2024

Hellboy e o Homem Torto

 

Hellboy e o Homem Torto

Hellboy é um personagem criado nos quadrinhos por Mike Mignola, que pela primeira vez põem a mão na massa no roteiro de uma adaptação liveaction, juntamente com Christopher Golden e Brian Taylor, que também dirige o novo longa. Talvez o envolvimento direto do criador do personagem se deve pelo fato do último projeto, Hellboy (2019), simplesmente ter sido um fracasso retumbante, e tentando evitar uma nova tragédia ele assume a bronca.

Na trama do filme, Hellboy (Jack Kesy) se une a uma agente novata da B.P.D.P. (Adeline Rudolph) na década de 1950 e são enviados para os Apalaches. Lá, descobrem uma remota e assombrada comunidade, dominada por bruxas e liderada pelo sinistro demônio local, conhecido como O Homem Torto (Martin Bassindale). À medida que exploram os mistérios sombrios deste lugar isolado, Hellboy confronta segredos enterrados de seu próprio passado, levando-o a uma batalha contra forças malignas que ameaçam desencadear o caos sobre o mundo.

Claramente este filme é voltado mais para o terror, e não a ação/aventura como nos projetos anteriores, e essa é uma mudança bem vinda, já que este elemento sempre esteve de algum modo nos quadrinhos mas nunca tinha sido explorado totalmente, nem por Guillermo del Toro. Mas tendo visto o longa como um todo, essa escolha provavelmente se deu também pelo baixo orçamento do filme.

É muito mais fácil esconder a pobreza dos cenários, dos efeitos e cenas de lutas descoordenadas, no escuro, com cortes rápidos e feixes de luz aleatórios. Grande parte do filme se passa numa floresta, uma das mais simples diga-se de passagem, e além disso em espaços fechados como cabanas no meio do mato e uma igreja. Tudo, esteticamente falando, é pobre. Até mesmo o próprio Hellboy, que parece apenas um cara pintado de vermelho e com uma mão dura. É quase engraçado ver a falta de mobilidade que a mão gigante do nosso herói tem.

Até poderíamos relevar um pouco essas questões técnicas, se pelo menos o roteiro fosse bom, o que não é o caso. Nem a presença de Mignola, faz a trama ser realmente interessante. Parece até um episódio qualquer de alguma série de tv, tipo Sobrenatural, mas sem o mesmo carisma dos protagonistas. Tudo vai acontecendo meio que por acaso, eles continuam lá por mera conveniência mais do que qualquer outra coisa, e no final enfrentam uma ameaça genérica, com a tentativa ainda de criar um drama do Hellboy com sua mãe, e uma ligação romântica Hellboy e sua amiga do B.P.D.P..

B.P.D.P. que só é mencionado no filme, nem uma logo sequer é mostrada, que seja no trem do início do filme, ou no helicóptero no final. Isso só mostra uma falta de cuidado com os detalhes e com a mitologia do personagem, que é muito rica. Por algum motivo também a edição usa fades extremamente longos em algumas transições, que acabam deixando tudo meio brega.

Hellboy e o Homem Torto, mesmo que com boas ideias no papel, em tentar algo diferente do que já foi feito no cinema com o personagem, maltrata demais o mesmo com um filme feito sem o mínimo de cuidado, que deve sentenciá-lo a ficar na geladeira novamente.

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SOBRE O AUTOR

Vinicius Lunas

Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.

 

 


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