PUBLICADO EM 10/09/2024

Não Fale o Mal

 

Não Fale o Mal

Não Fale o Mal, nova produção da Blumhouse com distribuição internacional da Universal Pictures é um remake do filme dinamarquês Speak No Evil (2022), dirigido por Christian Tafdrup. A essa altura já estamos acostumados com a preguiça dos norte americanos em não lerem legendas e fazerem remake de tudo, mas a proximidade das duas produções realmente salta aos olhos e nos faz pensar: havia necessidade deste remake?

Na trama, uma família americana (Scoot McNairy, Mackenzie Davies e Alix West Lefler) é convidada a passar o fim de semana na idílica cassa de campo de uma charmosa família britânica (James McAvoy, Aisling Franciosi e Dan Houg), com quem fizeram amizade nas férias. O que começa como um feriado dos sonhos logo se transforma em um assustador e paralisante pesadelo psicológico.

James Watkins, que assume a direção e o roteiro da nova versão, faz um trabalho competente nos dois primeiro atos do longa, que basicamente são idênticos ao do filme original, com algumas pequenas mudanças que pouco mudam o panorama geral. Talvez lhe falte um pouco mais de sutileza no desenvolvimento da tensão e das situações que as duas famílias vão passando, mas ainda assim é algo aceitável.

O ponto alto do filme sem sombra de dúvidas é McAvoy, que interpreta Paddy, o carismático anfitrião que aos poucos vai mostrando um lado mais perturbado e agressivo. A atuação dele as vezes é tão intensa que talvez ajude a tirar a sutileza também das situações, mas isso pode ser proveniente de eu já conhecer o material base e saber para onde aquilo está se encaminhando.

Agora chegamos a grande questão que é o desfecho do filme. Watkins muda completamente o final do longa original, e veja bem, mudanças ou adaptações, são sempre bem vindas, ainda mais se ele quis dar a sua cara e assinatura pra produção. O problema é que ele segue igual até o final, mas decide alterar para um desfecho mais previsível e padrão hollywoodano, onde temos um embate puramente maniqueísta, onde a família norte americana se põem na condição de salvadora da pátria, como eles aliás devem adorar serem vistos.

Toda a construção de Speak No Evil é sobre a passividade com que o casal aceita as pequenas coisas que o outro vai impondo, sem questionar, ou com medo de incomodar, e no final eles tem que arcar com as consequências daquilo. Na versão americana isso e perde completamente, ao ponto de até parecer que o quem viu o filme original e teve a ideia do remake, não entendeu a proposta central e a reflexão que ela causa.

Não Fale o Mal escapa de ser uma cópia filme dinamarquês apenas para se tornar uma versão piorada e sem muito propósito, com um final clichê que faz com que toda a construção de tensão e incômodo criada ao longo da narrativa se perca numa ação qualquer nota, vista repetidas vezez, de forma ate melhor em vários outros slashers.

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  2.5

 

SOBRE O AUTOR

Vinicius Lunas

Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.

 

 


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