PUBLICADO EM 18/02/2025

O Brutalista

 

O Brutalista

O Brutalista é um dos principais filmes dessa temporada de premiações, seja por sua qualidade ou por suas polêmicas. Indicado a 10 Oscars é um dos principais candidatos a levar a estatueta de melhor Filme, Direção e Ator.

No filme acompanhamos a vida de László Tóth (Adrien Brody), um arquiteto húngaro-judeu que sobrevive ao Holocausto e emigra para os Estados Unidos. A história abrange três décadas, destacando o impacto de um contrato com um multimilionário volúvel (Guy Pearce), que define sua vida e carreira. Essa rica jornada ainda explora temas como arte, identidade, e a complexidade do tão almejado sonho americano. 

O brutalismo, para quem não sabe, é um estilo de arquitetura que surgiu na metade do século XX, após a Segunda Guerra Mundial. Nele eram valorizadas formas frias e funcionais, com muito concreto aparente, sendo uma resposta aos valores românticos e nostálgicos da arquitetura da década anterior. Esse por si só seria um assunto muito interessante de ser abordado, mas é a relação do brutalismo com a personalidade do protagonista que é a grande sacada.

László é um grande arquiteto e como o chefe dele diz mais de uma vez, tem uma conversa estimulante intelectualmente. Mas até por conta da situação em que vive é uma pessoa fechada e por vezes difícil de lidar. Mas László é assim porque sabe que no fundo, ele e sua família nunca deixaram de ser os estrangeiros, ele só quer terminar o seu trabalho, de forma direta e reta.

Harrison, o personagem de Pearce, pode ser visto como o próprio EUA, pois é aquele que lhe dá a mão e oferece uma oportunidade, e também é o que mais o humilha e o despreza no fundo. O único interesse real é em suas habilidades como arquiteto, que podem ser empregadas para ele ser visto como alguém ainda mais rico e poderoso.

O filme é dividido em duas partes e um pequeno epílogo. A primeira parte é irretocável, a chegada de László nos EUA, sua relação com o primo (Alessandro Nivola) que tenta apagar sua origem para ter sucesso no novo país e o começo de sua relação com Harrison. A segunda metade conta com a presença física da esposa de László, Erzsébet Tóth (Felicity Jones) que antes surgia apenas através da narração em off de das correspondências com seu marido, e essas são as passagens mais polêmicas do longa.

Algum tempo depois do filme ser bastante elogiado nos festivais, e ganhar prêmios inclusive, foi revelado que Adrien Brody e Felicity Jones tiveram suas falas em húngaro melhoradas por Inteligência Artificial, para que soassem como fluentes da língua. Não dá pra saber o quanto isso realmente ajudou, se era realmente necessário e se tira totalmente os méritos de atuação deles, mas o fato de não haver nenhuma regulamentação ou obrigatoriedade de ser dito quando é usada essa ferramenta deixa o publico talvez com a sensação de ser enganado, por mais bem feito que esteja.

O diretor Brady Corbet consegue conectar a estética brutalista com a narrativa com filme, quase como se fosse um personagem próprio e mesmo com uma queda de ritmo na segunda metade e um final bastante anticlimático após as mais de 3h30 de filme, O Brutalista ainda é um filme muito bom, que põem em xeque os valores do american way of life de forma direta e sem firulas, assim como todo restante do tema do filme.

Nós estamos no Facebook e você também pode nos achar no Instagram, e Twitter, curta as páginas e fique por dentro do UNIVERSO REVERSO.

 

  4

 

SOBRE O AUTOR

Vinicius Lunas

Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.

 

 


RELACIONADOS