Por algum motivo, em pouco tempo temos dois filmes que envolvem exorcismo e Russell, e que além disso não possuem nenhuma ligação entre si. Em 2023 foi lançado O Exorcista do Papa, e agora temos O Exorcismo.
Na trama do filme, Anthony Miller (Russell Crowe) é um ator com um passado sombrio, marcado pelo abuso de drogas. Durante as filmagens do seu novo filme de terror, ele começa a exibir um comportamento perturbador, levantando suspeitas sobre seu estado mental. Ao investigar o que pode estar acontecendo, sua filha se vê no limite entre a realidade e o sobrenatural e percebe que os problemas que assombram seu pai podem ser mais aterrorizantes do que parecem.
Aqui a ideia é brincar com o conceito de filmes sobrenaturais, onde realmente acontecem casos bizarros em set de filmagens, meio que subvertendo a ordem das coisas, como no caso de quem estar sendo possuído não ser uma criança indefesa.
Um grande problema de O Exorcismo é não saber direito o que fazer com tantos temas que vão se abrindo: os traumas de Anthony, que afetam sua vida profissional e pessoal, a relação com sua filha, a relação da filha com a atriz do filme, a questão da fé, o comentário sobre a indústria de cinema e o elemento sobrenatural em si. Praticamente todos esses elemento ficam numa camada superficial, isso se simplesmente não são abandonados mesmo sem nenhum desenvolvimento.
A grande inspiração do longa é O Exorcista, mas parece que é usado mais como muleta do que qualquer outra coisa, como se você gostasse do filme de 1973 provavelmente irá gostar desse, mas a comparação só faz o filme atual ficar mais frágil ainda, pois não consegue construir um ambiente e personagens interessantes o suficiente para fisgar o público.
O ponto alto do longa é sem dúvida Crowe, que consegue fazer muito bem tanto o lado mais vulnerável de um ator em decadência quanto sua versão sombria e ameaçadora, quando é possuído. E é perceptível o quanto ele destoa dos demais, principalmente nas cenas com Ryan Simpkins, que interpreta sua filha, mas não consegue acompanhá-lo em termos dramáticos.
O Exorcismo joga fora várias boas ideias e um bom protagonista num filme moroso e sem um norte claro de onde quer chegar, nos presenteando com um filme genérico, chato e pouco inspirado.
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