Filmes de espionagem sempre tiveram grande apelo, tendo como seu principal expoente James Bond em 007, mas isso iria mudar no começo dos anos 2000, mais especificadamente em 2002, quando tivemos o lançamento de 007 – Um Novo Dia Para Morrer. O filme marcou o final da passagem de Pierce Brosnan no papel de maneira lamentável, e fez os produtores buscarem novos ares para franquia. No mesmo ano era lançado Identidade Bourne, com Matt Damon, que devido ao seu sucesso e qualidade, moldou o que seria a era de Daniel Craig como 007.
Em Operação Vingança temos essa similaridade com a franquia Bourne, não apenas pelos cenários mais intimistas e frios da Europa, mas também pelo protagonista fugir da organização de espionagem e buscar vingança, diferente de James Bond que, na maioria das vezes segue as ordens de bom grado e não perde a oportunidade de se esbaldar numa praia paradisíaca.
Na trama, depois que sua esposa é tragicamente morta em um ataque terrorista em Londres, Heller (Rami Malek), um criptógrafo da CIA, exige que seus chefes vão atrás dos assassinos. Quando fica claro que eles não agirão devido a prioridades internas conflitantes, ele chantageia a agência para treiná-lo e deixá-lo ir atrás deles ele mesmo.
Malek, que também é produtor do longa, ser o protagonista é um diferencial, porque ele definitivamente não leva jeito pra ser um grande herói de ação, inclusive tendo sido o vilão em 007 – Sem Tempo Para Morrer (2021), que curiosamente marca a despedida de Craig no papel do espião. Mas é isso que torna as coisas interessantes, ele é um nerd de computadores que consumido pela raiva e apatia dos seus superiores, decide agir por contra própria.
Não é como se ele tivesse uma grande veia dramática dentro de si, mas o papel se encaixa bem ao seu estilo, fazendo ele relembrar um pouco também os tempos de Mr. Robot (2015-2019). Ele não é um super espião, mas é super inteligente e descobre uma grande perícia em bombas, que o ajudam a despistar as autoridades e ir atrás dos assassinos.
Com um clima totalmente sóbrio, sem momentos de descanso ou de descontração, a tensão no ar está a todo momento presente. Existem algumas facilitações de roteiro onde tudo é resolvido com algum sistema super tecnológico e basicamente todos os personagens são funcionais, cumprindo sua função e sendo descartados, ou nem isso, pois Jon Bernthal por exemplo tem duas cenas no filme todo e não diz a que veio. O único outro destaque vai para Laurence Fishburne, que estabelece uma relação de mentor/adversário interessante.
Operação Vingança acaba sendo uma grata surpresa, e mostra o quão perigoso pode ser um homem perdidamente apaixonado e com muitos recursos para usufruir.
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