Peter Pan & Wendy é a mais nova adaptação da animação da Disney de 1953, que por sua vez tem como base a peça teatral do autor escocês James Matthew Barrie. Quem assume o comando desta nova versão é David Lowery, que tem no currículo Meu Amigo, o Dragão (2016), da própria Disney, e também trabalhos mais profundos e filosóficos com Sombras da Vida (2017) e A Lenda do Cavaleiro Verde (2021). Essa mistura de referências inusitada do diretor, que poderia gerar algo interessante, infelizmente não surte grande efeito.
Na trama temos Wendy (Ever Anderson), prestes a ir para um colégio interno, mas ela gostaria que as coisas permanecessem do mesmo jeito e que pudesse ficar em casa com seus irmãos. No meio da noite eles recebem a visita de Petar Pan (Alexander Molony), o garoto que nunca cresce os leva para a Terra do Nunca para viverem grandes aventuras, mas são atacados pelo temível Capitão Gancho (Jude Law).
O live-action segue a história a risca em alguns pontos, fazendo algumas alterações e modernizações, mas nada que tenha grande impacto. A maior diferença seria a relação entre Gancho e Peter Pan, que tem um aprofundamento para além do ódio mútuo.
Existia um grande potencial para uma atualização da aventura envolvendo piratas, sereias, fadas e um crocodilo gigante, mas tudo soa muito ensosso. Por exemplo, a Tinker Bell (Yara Shahidi) ou Sininho para os mais velhos, na animação tinha uma relação um tanto problemática com Wendy, que não existe aqui, mas ao mesmo tempo ela acaba virando uma personagem sem personalidade marcante, que pouco acrescenta a trama.
Todo o clima e até o humor ainda evocam a ingenuidade e simplicidade da animação, mas sem o mesmo charme. A paleta de cores é muito escura, o que nos induz a pensar que o filme teria um tom mais sério, mas está longe de ser o caso, na verdade acaba destoando um pouco da proposta.
O elenco é competente, com destaque obviamente para Jude Law, mas ele não tem muito o que fazer, a relação de seu Capitão Gancho com Peter poderia ser mais interessante se fosse trabalhada a fundo mas acaba ficando na superficialidade.
Com um lugar mágico como a Terra do Nunca para ser explorada, o filme acaba apostando no seguro, sem se comprometer, mas também sem chamar atenção para nada em específico. Fica apenas como mais uma adição de catálogo no Disney+ e aquele velho questionamento: é realmente necessário transformar todas animações clássicas do estúdio em live-actions? Ainda mais sendo elas basicamente a mesma coisa mas sem o mesmo brilho? Aparentemente esta não é uma grande preocupação da casa do Mickey Mouse, pois o que não falta são novos anúncios.
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Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.
