Qual o poder da arte na transformação do ser humano? Obviamente não existe uma resposta simples para isso, mas em Sing Sing, temos um belíssimo e tocante ensaio sobre o tema.
O longa é baseado em uma história real e acompanha Divine G (Colman Domingo), um homem preso por um crime que não cometeu, que encontra propósito ao atuar em um grupo de teatro ao lado de outros homens encarcerados. Além de ser inspirado por uma história real o longa também tem em seu elenco ex-detentos que participaram de programas de reabilitação da ONG Rehabilitation Through the Arts (Reabilitação Através das Artes).
Um dos grandes trunfos do diretor e roteirista Greg Kwedar, é não cair na armadilha de entrar num sentimentalismo barato ou no melodrama escancarado, ele sabe da potencia da sua história e que não é necessário ficar buscando comover o público a qualquer custo. Existem muitos momentos leves e descontraídos, mas nunca nos esquecemos que cada pessoa que está ali busca um escapismo para conseguir se manter são, mesmo excluídos da sociedade pelos erros que cometeram.
O personagem de Colman é muito interessante pois ele é um dos idealizadores desse programa de reabilitação, sabendo da importância disso para os presidiários, e no fundo para ele mesmo, então qualquer ameaça a esse seu pequeno oásis, significa não só seu trabalho sendo jogado fora mas também o escape de uma realidade muito difícil indo embora.
A relação estabelecida e o paralelo criado entre os personagens de Domingo e Clarence Maclin é outro dos pontos fortes do filme. Eles são praticamente uma antítese entre si, mas percebem que podem ter muito mais em comum do que pensam, e para além disso realmente podem se beneficiar com a ajuda um do outro.
A fotografia e a trilha sonora ajudam a compor a ambientação de maneira muito orgânica e reconfortante. De maneira simples mas muito bem feita o roteiro prepara o terreno para Domingo brilhar com sua grande performance, cheia de nuances, delicadeza e potência quando necessário.
Sing Sing comove sem precisar apelar, mostrando o poder da arte na vida das pessoas de maneira muito direta e bonita, uma das gratas surpresas dessa temporada de premiações, sem dúvida alguma.
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