PUBLICADO EM 07/02/2018

The Cloverfield Paradox

 

The Cloverfield Paradox

The Cloverfield Paradox chegou de surpresa. Muito se especulava sobre o filme sem ter muita certeza de qual seria a ligação com Cloverfield (2008) e Rua Cloverfield 10 (2016). Depois de boatos sobre a compra do longa pela Netflix, logo após o primeiro trailer durante o intervalo do Superbowl a empresa de streaming já lançou o filme em sua plataforma.

Dirigido por Julius Onah, escrito por Oren Uziel e Doug Jung e produzido pela Bad Robot Productions de J. J. Abrams a trama do filme acompanha um grupo de astronautas internacionais a bordo de uma estação espacial que, após ativarem um acelerador de partículas para tentar solucionar uma crise energética da Terra, devem encontrar um caminho de volta para casa após viajarem acidentalmente para uma dimensão alternativa.

Mesmo com uma premissa interessante, a dúvida que paira no ar é: esse filme realmente precisava existir? Ao que tudo indica, no começo de sua produção a produção se chamava God Particle (Partícula de Deus) e não tinha nenhuma ligação com a franquia Cloverfield. Essa adaptação para o filme se encaixar neste universo deixa uma impressão de remendo feito as pressas. O legal dos filmes era justamente não ter uma explicação para o que estava acontecendo. O primeiro utiliza a mesma estética consagrada em Bruxa de Blair (1999), câmera na mão, muitas vezes de celular e baixa resolução, em meio ao caos que aterroriza a cidade, demoramos a descobrir o que aconteceu e não temos nem pista do porque aconteceu. Já o segundo é basicamente um thriller de suspense, que se utiliza do pano de fundo do primeiro filme para criar sua tensão. Pelo ponto de vista da protagonista nós não sabemos o que aconteceu com o mundo, e nem nos interessa, o importante é ela sobreviver e escapar do seu cárcere privado.

Este terceiro filme entra de cabeça no gênero ficção científica, no melhor estilo Alien- O 8°Passageiro (1979) e tem pretensão de finalmente explicar as invasões dos filme anteriores, e como dito anteriormente, isso nunca foi importante. Os personagens e suas dúvidas no meio aquela confusão eram bons, pois é como se eu ou você, pessoas comuns, estivéssemos ali. Não iriamos estar no centro de tudo, não iriamos salvar o planeta, íamos no máximo tentar sobreviver. Partindo do princípio de que queremos uma explicação, ela deveria ser bem feita. Por vezes parece rasa demais (o que exatamente gerou a crise de energia na terra? Quanto tempo no futuro estamos exatamente? Se temos tanta tecnologia como nos é mostrado na estação espacial essa era realmente a única opção para resolver o problema?), e as vezes parece só uma desculpa para coisas absurdas acontecerem (braço com vida própria? coisas simplesmente aparecendo dentro do corpo de alguém?).

Apesar disso, o ritmo do filme é bem ágil, nunca caindo na monotonia e o elenco tem como destaque Gugu Mbatha-Raw, a única personagem que realmente tem um arco dramático e um desenvolvimento aceitável, dadas as circunstâncias. O resto do elenco como o desenrolar do filme mostra é bem descartável. Nem Daniel Brühl, o rosto mais conhecido em tela, tem muito com o que trabalhar em termos de desenvolvimento de personagem.

No fim das contas, The Cloverfield Paradox acaba não se destacando em nada particularmente, e pode ser visto apenas como mais um filme de uma franquia que vem sendo construída na base das surpresas e falta de expectativa.

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SOBRE O AUTOR

Vinicius Lunas

Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.

 

 


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