Thunderbolts* é a nova produção do Marvel Studios, que tenta novamente botar a casa em ordem e fazer o público se empolgar de verdade com o seu Universo Cinematográfico que vem sofrendo bastante desde o final da Saga do Infinito, que ocorreu com Vingadores: Ultimato (2019). De lá pra cá uma coisa ou outra de interessante surgiu, mas nada que fizesse os fãs se empolgarem com a atualmente denominada Saga do Multiverso. Thunderbolts* mostra que a solução era bem mais simples do que se esperava: contar uma boa história.
Na trama, depois de se verem presos em uma armadilha mortal preparada por Valentina Allegra de Fontaine (Julia Louis-Dreyfus), uma equipe não convencional de anti-heróis acaba se formando com a presença de Yelena Belova (Florence Pugh), Bucky Barnes (Sebastian Stan), Guardião Vermelho (David Harbour), Fantasma (Hannah John-Kamen), Treinadora (Olga Kurylenko) e John Walker (Wyatt Russell). Esses rejeitados desiludidos devem embarcar em uma missão perigosa que os forçará a confrontar os cantos mais sombrios de seus passados.
A personagem central da trama é Yelena. Encontramos ela no começo do filme executando uma missão secreta para Valentina, e o mais importante, refletindo sobre sua vida, suas ambições e processando tudo que aconteceu com ela e sua família. Ou seja, os fatos ocorridos em Viúva Negra (2021) finalmente estão sendo desenvolvidos, assim como o que aconteceu na série Falcão e o Soldado Invernal (2021).
Todos os personagens na equipe tem um passado conturbado, e juntos eles conseguem, de alguma forma, se compreender e se ajudar. É uma fórmula batida, já vista em Guardiões da Galáxia ou Esquadrão Suicida, mas que quando bem feita funciona. E aqui vai os parabéns para o diretor Jake Schreier (Treta), e para os roteiristas Eric Person (Thor: Ragnarock, Viúva Negra) e Joana Calo (O Urso, BoJack Horseman), que conseguiram trabalhar vários personagens, dando importância devida para cada um deles, mas fixando a parte central em Yelena, para que existisse um foco narrativo bem definido.
Existe um paralelo com a jornada emocional de Yelena com a de Bob (Lewis Pullman), e a saúde mental e depressão são surpreendentemente temas centrais e bem desenvolvidos em Thunderbolts*. Somos constantemente lembrados que eles são perdedores, que ninguém ali voa ou tem algum outro grande poder, mas é isso também que nos aproxima muito mais desses personagens. Eles cometem erros, não são perfeitos, mas podem melhorar e mostrar seu valor, principalmente para si próprios. O vinculo que Yelena cria com Bob e sua relação com Alexei, o Guardião Vermelho, são fundamentais para o impacto emocional e desfecho narrativo.
Se você não conhece muito dos quadrinhos e de alguma forma conseguiu escapar da quantidade absurda de material promocional que a Marvel fez para o filme, vá assim mesmo e sem medo de ser feliz, e provavelmente sua experiência será talvez ainda melhor. Mas de qualquer forma, mais importante do que spoilers ou reviravoltas, é que temos sim uma boa história desenvolvida, com personagens carismáticos e que nos fazem ficar engajados a trama.
A verdade é que toda a trama envolvendo as missões da Valentina e o surgimento da principal ameaça, é bem feita, e meio que seguem um padrão de outras produções de super-heróis recentes como The Boys ou Invencível, mas o diferencial é como isso é utilizado e se encaixa dentro deste Universo. E falando em Universo, até as cenas prós créditos voltaram a dar alegria aos fãs. A primeira é meramente um boa piada que segue o tom de humor do filme, e a segunda, embora simples, dá um aceno direto pra aquilo que está por vir de forma concreta no MCU, igual era no começo.
Thunderbolts* não tenta reinventar a roda, mas sabe aproveitar uma boa base e desenvolvê-la com o foco nos personagens, naquilo que os aflige e o que os motiva. As vezes a maior batalha que enfrentamos não é contra um supervilão, mas dentro de nós mesmos.
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