Pouco tempo depois de nos presentear com Pobres Criaturas, o diretor e roteirista Yorgos Lanthimos se reúne com seu parceiro mais habitual de colaboração no roteiros Efthimis Filippou e com a atriz Emma Stone, em Tipos de Gentileza, um projeto que tem mais a cara dos seus filmes de início de carreira, onde a imaginação e estranheza tomam conta.
O longa é dividido em 3 curtas, o primeiro segue um homem sem escolha que tenta assumir o controle de sua própria vida; no segundo um policial está alarmado porque sua esposa desaparecida no mar voltou e parece uma pessoa diferente; e no terceiro uma mulher está determinada a encontrar alguém específico com uma habilidade especial, que esteja destinado a se tornar um prodigioso líder espiritual.
O elenco principal composto por Emma Stone, Willem Dafoe, Jesse Plemons, Margaret Qualley, Hong Chau e Mamoudou Athie, aparece em cada um dos curtas interpretando um personagem diferente, e além dos atores algo que une os três curtas seria o tema sobre devoção, subserviência e porquê não dizer livre-arbítrio.
Acho importante já dizer que o conceito de juntar os três curtas num longa metragem não me agrada muito, pois apesar dessa temática narrativa recorrente nos três, não há muita coisa que os junte numa integridade, ou que tenha um ligação clara entre eles. E cada um deles tem um momento decisivo, no mínimo impactante, e logo em seguida, sem tempo de digerir aquilo você acabou de ver, já tem que estar mergulhando no próximo curta.
Lanthimos não poupa também a construção e preparação de cada um dos seguimentos, mesmo que sejam curtas, juntos somam suas 2h45 minutos. Digo que isolados, são muito bons e interessantes, mas quando unidos numa coisa só, perdem um pouco a força e o impacto que teriam separados, com tempo de serem digeridos com a calma que merecem, pois não são totalmente triviais.
Quem conhece a filmografia do diretor sabe que ele gosta de coisas estranhas, narrativas desafiadoras, onde o absurdo se choca com o cotidiano de forma quase natural, onde o maior desafio é na verdade como os indivíduos inseridos nessa situação irão e comportar, mais do que a situação bizarra por si própria.
Importante dizer que ele não está muito preocupado em dar todas as respostas ou explicações do porque aquilo estar acontecendo. Sim os personagens estão metidos com seitas estranhas, situações absurdas, apenas aceitamos isso e vemos qual é o limite do ser humano numa situação dessas, que sim nos levam sempre a algo chocante. Interessante notar como a trilha sonora acompanha sempre esses momentos chave, atenuando ainda mais a sensação de desconforto.
Por mais que o material promocional de mais destaque para Emma Stone, que é uma das grandes estrelas do momento e já tem grande histórico com o diretor, é impossível não destacar Jesse Plemons, que é o protagonista o primeiro curta e do segundo, embora nesse ela tenha um papel decisivo também. Stone tem destaque mesmo é no último curta.
No geral todo o clima que o filme passa é de estranheza, com leves momentos de um humor irônico e real agonia. Lanthimos e sua turminha estão aqui definitivamente para nos tirar da zona de conforto, nos fazer sentir coisas que no fundo não queríamos, e isso nem sempre é agradável, mas de forma alguma deixa de ser bem feito ou instigante.
Nós estamos no Facebook e você também pode nos achar no Instagram, e Twitter, curta as páginas e fique por dentro do UNIVERSO REVERSO.
Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.
