PUBLICADO EM 08/12/2019

O Irlandês

 

O Irlandês

Martin Scorsese é um dos melhores diretores de sua geração, e está de volta aos filmes de máfia com O Irlandês, depois de clássicos como Os Bons Companheiros (1990), Cassino (1995) e Os Infiltrados (2006).

No novo longa metragem de Scorsese, Frank Sheeran (Robert De Niro) é um ex-militar e caminhoneiro, mas após conhecer Russell Bufalino (Joe Pesci), manda chuva da máfia local, acaba virando seu protegido e executa seus desafetos.

Apesar de ser um filme de máfia, a violência e a ação são deixadas mais de lado. As mortes são secas, cruas, nem um pouco gráficas ou glorificadas, apenas um homem seguindo ordens e executado seu trabalho da forma mais eficiente possível. Ou seja o longa se apega a mais a construção de personagem e seus conflitos internos do que o panorama geral dos fatos.

Não que Scorsese deixe de lado o contexto histórico, pois o filme é baseado no livro de Charles Brandt, que fez uma pesquisa minuciosa sobre os fatos reais e deduz tudo aquilo que fica obscuro, como o “desaparecimento” de Jimmy Hoffa, aqui interpretado por Al Pacino. Outros eventos chave na história norte-americana são pincelados, como a morte do presidente John F. Kennedy, mostrado a relação dos personagens com isso ou como isso os afeta.

Hoffa é um importante líder sindical com qual Sheeran desenvolve uma amizade, além do contato profissional, e sua presença muda a percepção do protagonista sobre as decisões de sua vida, principalmente ao final dela.

O domínio das técnicas de cinema de Scorsese é absurdo, cada close-up, cada tracking shot é extremamente bem pensado e colocado, é quase uma mescla das emoções passadas em cena através dos movimentos de câmera. As atuações do trio principal também são irretocáveis, cada um ao seu jeito. De Niro sendo o mais calado e que põem a mão na massa, Pacino sendo o mais expansivo e comunicativo, mas sem ficar caricato e Pesci, que apenas com sua presença de líder nato comanda os bastidores das operações da máfia.

O rejuvenescimento dos atores ocupa muito tempo de tela, diferente do que geralmente acontece em alguns filmes onde temos apenas uma cena ou outra. No inicio é possível estranhar um pouco mas depois você se acostuma, mesmo não sendo 100% perfeito.

Scorsese teve carta branca para fazer o filme que desejasse depois da Netflix entrar no projeto, por isso das 3h30 de um filme que realmente não tem pressa de contar sua história, talvez um exagero, talvez um tempo necessário, mas de qualquer forma, muito bem contada.

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SOBRE O AUTOR

Vinicius Lunas

Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.

 

 


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