PUBLICADO EM 09/10/2020

The Boys – Temporada 2

 

The Boys – Temporada 2

A segunda temporada de The Boys chegou com muita expectativa da audiência após um primeiro ano arrasador. Um grande mal da maioria das continuações, seja em filmes ou seriados, é tentar ser maior em todos os aspectos. Mias lutas, mais explosões, mais dilemas, nesse caso também mais escrotices e maluquices. Para nossa alegria The Boys não caiu nessa cilada.

Claro, há um escopo maior em algumas cenas, como a baleia sendo empalada por uma lancha, sexo selvagem entre dois supers destruindo um apartamento e porque não, a aparição do personagem Salsicha do Amor, com seu órgão sexual gigantesco. Porém, a trama sempre seguiu em frente e conseguiu desenvolver muito bem o arco dos personagens já iniciados na primeira temporada.

A relação de Hughie (Jack Quaid) com Luz-Estrela (Erin Moriarty) sofre altos e baixos e é bem trabalhada. Kimiko (Karen Fukuhara) ganha mais profundidade ao ter seu passado e relações familiares desenvolvidas, Francês (Tomer Capon) também tem seu passado visitado, enriquecendo personagem, só Leitinho da Mamãe (Laz Alonso) que não ganha muito destaque.

Já do lado dos supers a grande novidade é Tempesta (Aya Cash) com um passado muito obscuro e fonte inesgotável de sátira aos tempos de ódio e engajamento virtual. Maeve (Dominique McElligott) tem sua jornada pessoal por descobrimento e libertação. Black Noir (Nathan Mitchell) embora entre mudo e saia calado, literalmente, sempre rouba a cena. Trem-Bala (Jessie T. Usher) dessa vez serve mais como recurso narrativo e Profundo (Chace Crawford) tem o arco mais inútil de todos, apenas servindo para apresentar a Igreja da Coletivo, que pelo final nem tenha tanta relevância.

Óbvio que deixei para falar de Billy Bruto (Karl Urban) e Capitão Pátria (Antony Starr) por último. Em determinado momento da série é dito que os dois são iguais, buscam seus objetivos a qualquer custo, passando por cima de quem estiver na frente. Bruto quer ter de volta sua esposa, muito mais do que simplesmente derrubar a Vought, enquanto Capitão Pátria quer continuar tendo controle de tudo e de todos, principalmente de seu filho. O desenrolar de sua relação com Tempesta e a tentativa de ser um pai, mesmo sendo um megalomaníaco pirado fazem dele sem sombra de dúvidas o personagem mais interessante de todos. Bruto por sua vez tem que lutar contra seus instintos destrutivos e provar que pode salvar o dia sem ser um babaca.

Apesar de tantos personagens e situações bizarras a série sempre encontra tempo para falar sobre preconceito, discurso de ódio e feminismo, sempre com muita acidez e sarcasmo, e claro sem nunca deixar de cutucar as grandes corporações e os heróis da Marvel e DC.

A escolha da Amazon por colocar os três primeiros episódios e depois ir liberando semanalmente cada um dos seguintes para aumentar o boca a boca foi acertada. Apesar do ritmo mais cadenciado no início, ela vai ficando mais equilibrada na metade final e encerra fechando satisfatoriamente vários arcos e deixando novas pontas soltas para serem desenroladas no terceiro ano. The Boys continua afiada e sarcástica, nunca se levando muito a sério e ainda conseguindo trazer assuntos relevantes junto com seus personagens muito bem construídos.

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SOBRE O AUTOR

Vinicius Lunas

Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.

 

 


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