A segunda temporada de The Boys chegou com muita expectativa da audiência após um primeiro ano arrasador. Um grande mal da maioria das continuações, seja em filmes ou seriados, é tentar ser maior em todos os aspectos. Mias lutas, mais explosões, mais dilemas, nesse caso também mais escrotices e maluquices. Para nossa alegria The Boys não caiu nessa cilada.
Claro, há um escopo maior em algumas cenas, como a baleia sendo empalada por uma lancha, sexo selvagem entre dois supers destruindo um apartamento e porque não, a aparição do personagem Salsicha do Amor, com seu órgão sexual gigantesco. Porém, a trama sempre seguiu em frente e conseguiu desenvolver muito bem o arco dos personagens já iniciados na primeira temporada.
A relação de Hughie (Jack Quaid) com Luz-Estrela (Erin Moriarty) sofre altos e baixos e é bem trabalhada. Kimiko (Karen Fukuhara) ganha mais profundidade ao ter seu passado e relações familiares desenvolvidas, Francês (Tomer Capon) também tem seu passado visitado, enriquecendo personagem, só Leitinho da Mamãe (Laz Alonso) que não ganha muito destaque.
Já do lado dos supers a grande novidade é Tempesta (Aya Cash) com um passado muito obscuro e fonte inesgotável de sátira aos tempos de ódio e engajamento virtual. Maeve (Dominique McElligott) tem sua jornada pessoal por descobrimento e libertação. Black Noir (Nathan Mitchell) embora entre mudo e saia calado, literalmente, sempre rouba a cena. Trem-Bala (Jessie T. Usher) dessa vez serve mais como recurso narrativo e Profundo (Chace Crawford) tem o arco mais inútil de todos, apenas servindo para apresentar a Igreja da Coletivo, que pelo final nem tenha tanta relevância.
Óbvio que deixei para falar de Billy Bruto (Karl Urban) e Capitão Pátria (Antony Starr) por último. Em determinado momento da série é dito que os dois são iguais, buscam seus objetivos a qualquer custo, passando por cima de quem estiver na frente. Bruto quer ter de volta sua esposa, muito mais do que simplesmente derrubar a Vought, enquanto Capitão Pátria quer continuar tendo controle de tudo e de todos, principalmente de seu filho. O desenrolar de sua relação com Tempesta e a tentativa de ser um pai, mesmo sendo um megalomaníaco pirado fazem dele sem sombra de dúvidas o personagem mais interessante de todos. Bruto por sua vez tem que lutar contra seus instintos destrutivos e provar que pode salvar o dia sem ser um babaca.
Apesar de tantos personagens e situações bizarras a série sempre encontra tempo para falar sobre preconceito, discurso de ódio e feminismo, sempre com muita acidez e sarcasmo, e claro sem nunca deixar de cutucar as grandes corporações e os heróis da Marvel e DC.
A escolha da Amazon por colocar os três primeiros episódios e depois ir liberando semanalmente cada um dos seguintes para aumentar o boca a boca foi acertada. Apesar do ritmo mais cadenciado no início, ela vai ficando mais equilibrada na metade final e encerra fechando satisfatoriamente vários arcos e deixando novas pontas soltas para serem desenroladas no terceiro ano. The Boys continua afiada e sarcástica, nunca se levando muito a sério e ainda conseguindo trazer assuntos relevantes junto com seus personagens muito bem construídos.
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