PUBLICADO EM 01/12/2020

Tenet

 

Tenet

Tenet, novo filme do cineasta Crhistopher Nolan, traz um compilado de tudo que o diretor mais gosta de fazer em seus filmes: brincar com a noção de tempo e espaço, muitas cenas de ação práticas e conceitos científicos aplicados em tela.

Aqui no trabalho mais recente do diretor e roteirista, o Protagonista (John David Washington) é recrutado numa missão muito perigosa para salvar o mundo. E é difícil falar mais sobre a trama em si sem cair em spoilers, mas o filme vai seguindo o Protagonista em várias missões onde ele procura informações e objetos importantíssimos para os personagens mas para o público pouco importam, o famigerado MacGuffin.

Para executar essas missões ele precisa de ajuda e ai entra em cena o misterioso Neil (Robert Pattinson) e eventualmente Kat (Elizabeth Debicki). Além deles o personagem que mais tem destaque acaba sendo o vilão, interpretado por Kenneth Branagh, que aproveita o clima 007 da trama e entrega um personagem super caricato.

O grande trunfo de Tenet está nas cenas de ação, que como mostram os trailers, usam e abusam do conceito do tempo reverso. Conceito esse que o diretor tenta explicar várias vezes, como já de praxe em seus filmes, mas ao mesmo tempo também desencana e põem na boca de determinado personagem “você não precisa entender, apenas sentir”. E essa é a melhor opção para apreciar o filme num primeiro momento. Não é necessário entender exatamente como as coisas acontecem, apenas aceite e aprecie as ótimas coreografias de luta e perseguição com a loucura do tempo reverso. O diretor é esperto em colocar elementos visuais, como detalhes de cor no uniforme ou as máscaras pra quem está revertido, pra ajudar a identificar o fluxo da ação.

Para acompanhar a ação reversa a trilha sonora de Ludwig Göransson (Pantera Negra, The Mandalorian) traz alguns efeitos de som que parecem estar ao contrário também e evocam um pouco de Hans Zimmer. O resultado final soa meio estranho.

Nolan parece bem a vontade fazendo o que faz de melhor, orquestrando a ação primorosamente, mas peca em criar uma boa relação entre os próprios personagens e deles com o público. Você acaba não se importando muito se eles vão conseguir executar a missão, nem se todos vão sair vivos dela. Em determinado momento é utilizado um cronometro para dar um sentido de urgência maior aquilo que estamos vendo, truque até certo ponto eficaz, mas já manjado. Dito isso, é preciso ressaltar também a qualidade de Washington, que manda muito bem na ação e tem uma classe digna mesmo de James Bond.

Tenet é muito inventivo e complicado (note que complicado não é a mesma coisa que inteligente) e sem dúvida é muito prejudicado pela pandemia, já que é o tipo de filme onde as pessoas iriam assistir mais de uma vez no cinema para pegar as pistas soltas ao longo dele e encaixar no final novamente. É Nolan em seu estado bruto, trazendo tudo que ele faz de melhor e aquilo que ainda não consegue entregar de forma satisfatória.

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  3.5

 

SOBRE O AUTOR

Vinicius Lunas

Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.

 

 


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