Bela Vingança ou Promising Young Woman no original, causou certa polêmica ao estrear no Festival de Sundance ano passado, não exatamente pelos assuntos (pesados) que trata, mas pela abordagem utilizada. Embora tenha momentos tensos e dramáticos, principalmente no seu clímax, o tom bem humorado e ácido permeia grande parte do filme.
Este também é aquele típico filme que quanto você menos souber melhor, embora tanto o trailer, quanto até o título nacional, entregam um pouco do que esperar da produção. Mas se você chegou até aqui vamos assumir que você quer saber mais sobre a trama e está correndo os riscos. A protagonista Cassie (Carey Mulligan) passou por um grande trauma na faculdade, e agora com seus 30 e poucos anos vive uma vida medíocre, exceto pelo fato dela sair a noite fingindo estar bêbada e sempre encontrando “caras legais” dispostos a ajudá-la.
Nossas expectativas são subvertidas em diversos momentos, Cassie é a personificação da anti-heroína, fazendo a coisa “certa” de maneira “errada”, e toda a profundidade da personagem da margem pra Mulligan brilhar, entregando provavelmente sua melhor atuação da carreira.
A diretora e roteirista Emerald Fennell, espalha diversos enquadramentos cheios de simbolismos ao longo do filme, que buscam tanto aliviar o peso da conduta da protagonista, colocando-a como mártir e também afirmando a condição privilegiada dos homens na sociedade. A divisão por meio de capítulos e o humor ácido dão um toque Tarantinesco que caí muito bem a proposta da narrativa.
Fennell discute machismo, abuso, depressão e masculinidade tóxica sem muitas papas na língua, ela vai direto e reto ao ponto, e por isso tenha causado a comoção daqueles mais sensíveis ao tema.
Mesmo optando por caminhos não muito usuais, o roteiro segue uma estrutura simples, embora eficiente, e culmina com aquilo que esperamos que aconteça, mesmo que seja de forma chocante e com um custo altíssimo, deixando um gosto amargo no final.
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Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.
