Cidade Invisível, nova série brasileira original Netflix, mergulha nas raízes da nossa cultura e tenta dar uma nova roupagem para lendas e folclore local. Para missão ser bem sucedida um time de peso foi escalado, começando pelo idealizador do projeto Carlos Saldanha, diretor conhecido pelas animações A Era do Gelo e Rio.
Na série, Eric (Marco Pigossi) é um policial ambiental cético, que após começar a investigar a estranha morte de um boto cor-de-rosa, percebe que no nosso mundo habitam seres fantásticos e que de alguma forma isso pode estar ligado a morte de sua esposa (Julia Konrad). A história foi desenvolvida por Carolina Munhóz e Raphael Draccon, grandes autores de literatura fantástica, que fazem um bom trabalho pegando figuras clássicas do nosso folclore como a Cuca ou a sereia Iara, e dando uma nova roupagem.
Outras figuras como o Saci ou o Curupira seguem mais a sua versão clássica, mas são inseridos nos tempos atuais flertando com críticas sociais, mas nunca se aprofundando. É interessante ir descobrindo as histórias de origem de cada personagem, geralmente humanos passando por situações trágicas, o que não é necessariamente “canônico” em nossas lendas, mostrando que respeitar o material fonte sem ficar amarrado a ele. é necessário que adaptações sejam feitas para a nova mídia e que ajudem a narrativa.
Tirando os elementos fantásticos, a parte de investigação policial não chega a empolgar tanto, tendo este núcleo algumas atuações bastante questionáveis. A trama da comunidade ribeirinha sendo coagida por uma grande empresa a deixar seu local, apesar de meio clichê, funciona em função da trama e se entrelaça com as outras narrativas.
Existem várias idas e vindas entre os principais cenários, o que parece deixar a série correndo atrás do próprio rabo sem muito objetivo, mas a fato dela não se alongar muito favorece o desenvolvimento. Os efeitos especiais oscilam, mas no geral são satisfatórios.
Para nós brasileiros, é uma experiência muito bacana ver várias lendas que já estamos acostumados numa grande produção como essa, mas fica a dúvida se o público ao redor do mundo será fisgado. Cidade Invisível, cumpre bem seu papel e deixa porta aberta para mais histórias do nosso rico folclore aparecerem numa segunda temporada.
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