PUBLICADO EM 03/09/2021

Cinderela

 

Cinderela

Originalmente uma produção da Sony destinada ao cinema, esta nova versão de Cinderela protagonizada por Camila Cabello foi vendida para a Amazon Prime Video e pretende mostrar uma versão atualizada de um dos contos de fadas mais conhecidos do mundo.

Muito mais voltada para o musical, o filme mostra uma jovem que sonha em sair da casa de sua madrasta e abrir sua própria loja de vestidos, e nessa busca por sua independência ela vai encontrar também o amor.

Apesar das boas intenções, trazendo um cast mais diverso e abordando a independência feminina, o longa falha bastante em sua execução. A Cinderela de Cabelo, apesar de ter uma vida bastante humilde está longe de sofrer como outras versões da personagem. A perda do pai e da mãe por exemplo, mal é mencionada e não tem peso nenhum na história.

A relação abusiva da Madrasta e das irmãs postiças também é muito amenizada, pra não dizer quase inexistente, mas tampouco é substituída por uma relação saudável, ela simplesmente é mal desenvolvida. O Príncipe Robert (Nicholas Galitzine) ganha mais destaque, mas é tão desinteressante quanto tudo ao seu redor no núcleo real, com uma mensagem óbvia de siga seus sonhos e seja quem você quiser, que fica redundante pois o próprio plot da protagonista diz a mesmíssima coisa.

Como se não bastasse chegamos a pior parte de tudo: o musical. Tirando os interlúdios em rap do mensageiro do rei, o filme tem duas músicas originais, com uma delas se repetindo umas três vezes, mais os créditos, como se o filme fosse apenas um grande clipe para promover a música de Cabello. O resto são versões de músicas famosas, versões não tão boas quanto as originais e as escolhas são pouco inspiradas. Quantas vezes ouvimos “Somebody to Love”  do Queen pra alguém buscando amor?? Sem falar em”Material Girl” da Madonna, “Seven Nation Army” do White Stripes, até “Perfect” do Ed Sheeran, parece mais um episódio temático de Glee, e nem é um dos bons.

Fora as escolha das músicas os números musicais em si não empolgam nem um pouco, não existe quase nenhuma dinâmica, tanto na coreografia, quanto na edição. Até quando as tomadas um pouco mais abertas buscam os figurantes dançando, dá a impressão que faltou gente pra completar. Comparar algum número musical aqui com qualquer um de Em Um Bairro de Nova York, um exemplo recente de musical, é até covardia.

Até mesmo o figurino parece mal feito, tanto os aldeões humildes como a roupa de Cinderela parassem ser perfeitamente novas, como numa novela bíblica da Record. E partindo do princípio que a protagonista aqui é estilista, deveríamos esperar que suas criações fossem realmente impactantes, tal qual em Cruella, mas não é isso que ocorre. Ainda podemos falar sobre o sapatinho de cristal, que parece mais uma Melissa transparente com gliter e lantejoulas.

Tudo nesta nova versão de Cinderela parece fora de tom e mostram o porque da Sony ter se livrado deste filme, mostrando que mesmo cheio de boas intenções, de nada adianta se não houver capricho e consistência, ainda mais com uma história contada tantas vezes.

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SOBRE O AUTOR

Vinicius Lunas

Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.

 

 


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