A Lenda de Candyman, projeto dirigido por Nia DaCosta, que também participa do roteiro ao lado de Win Rosenfeld e Jordan Peele, um dos maiores expoentes do terror moderno com filmes como Corra! e Nós, revisita o universo de O Mistério de Candyman, filme de 1992 de Bernard Rose.
Descrito como uma “continuação espiritual” do filme original e ignorando as duas sequências, o longa de 2021 também pode ser visto como um soft reboot, já que ele não ignora os acontecimentos do primeiro filme, mas estabelece novos pontos em sua mitologia com esses novos protagonistas.
A trama acompanha o artista visual Anthony McCoy (Yahya Abdul-Mateen II) e sua namorada, a diretora de uma galeria de arte Brianna Cartwright (Teyonah Parris), que se mudam para um luxuoso condomínio em Cabrini Green. Ao ouvir sobre uma lenda urbana que aterrorizava o local no passado, McCoy mergulha de cabeça nas histórias aterrorizantes para se inspirar e superar seu bloqueio criativo.
Um dos recursos que DaCosta usa quando precisa voltar ao passado para falar das lendas é o de um teatro de sombras muito bonito, que dá uma dinâmica diferente a passagens que seriam de pura exposição. Essas referências ao passado, incluindo acontecimentos do filme de 1991, ajudam a situar o novo expectador, mas também deixam as vezes um sentimento de que algo importante foi deixado pra trás, assim como a presença de determinados personagens antigos, que vistos de maneira isolada neste filme perdem um pouco sua função.
Temas como gentrificação e discriminação racial continuam sendo parte central da história, desta vez inserida no cenário artístico, mas por vezes elas parecem prevalecer sobre a narrativa, quebrando o ritmo do filme.
O casal protagonista está muito bem, com destaque maior para Mateen, que trabalha muito bem com o que tem, mas o roteiro peca ao não ir mais fundo no processo de transformação mental do personagem e em sua obsessão, tanto em ter sucesso no trabalho como nas lendas.
As cenas mais brutais são bem feitas e não economizam sangue, mas parecem também não querer cruzar nenhum limite. Em suma, A Lenda de Candyman fica no meio termo em conseguir ter uma vida própria e se apoiar no filme clássico, que no pior dos casos, vai fazer quem não conhecia nada da franquia ir atrás do original.
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