Você alguma vez já esteve muito endividado? Já sonhou em ganhar uma boa quantidade de dinheiro com a promessa de pouco esforço? Já imaginou qual seria sua decisão numa situação limite? Se sua resposta foi sim para alguma das perguntas acima então você vai se interessar por Round 6 (ou Squid Game) e provavelmente será arrebatado pelo mais novo sucesso da Netflix vindo diretamente da Coréia do Sul.
Na trama acompanhamos Seong Gi-hun (Jung-jae Lee), um homem de meia idade que tem problemas com apostas, é separado da esposa, que mora e é sustentado pela a própria mãe. Para tentar pagar suas dívidas e trazer sua filha de volta para sua vida ele aceita participar de um misterioso jogo com um prêmio milionário.
O primeiro grande impacto do telespectador é o fato dos jogos e das pessoas que o comandam, terem um visual cartunesco, cheio de cor, com formas geométricas simples e o apelo infantil, que se reflete em cada uma das seis etapas, onde os competidores tem que disputar jogos típicos de crianças. É bastante bizarro como esses elementos são colocados, o que gera curiosidade no público.
O único porém dos jogos é que as consequências do fracasso são literalmente fatais. Como é de se imaginar tudo se torna um grande Battle Royale, como um Jogos Vorazes, para citar um exemplo famoso ou até mesmo um BBB bem mais hardcore. E temos ai um segundo fator que chama atenção: a violência extrema. A série não poupa na brutalidade e na quantidade de sangue em tela.
Tudo isso é muito chamativo e como provam os exemplos, fazem sucesso com a audiência. Mas o que realmente nos engaja a continuar assistindo, além da curiosidade mórbida de como tudo aquilo funciona e quem irá ganhar, são os personagens e suas relações entre si. Além de Gi-hun temos outros seis competidores que ganham destaque e um policial infiltrado (Wi Ha-Joon) tentando solucionar o mistério.
Dentre os competidores os que mais se destacam, além do protagonista, são o inteligente e meticuloso Cho Sang-Woo (Park Hae Soo) e a ousada Kang Sae-byeok (Hoyeon Jung). Sang-Woo já é um conhecido de Gi-hun antes dos jogos e põem um paralelo de como pessoas quase totalmente opostas podem parar na mesma situação horrível. Já Sae-byeok tem carisma de sobra mesmo com seu jeito mais fechado e talvez o background mais interessante, uma vez que é refugiada norte-coreana.
A verdade é que não existe nenhuma grande trama mirabolante por trás das motivações dos personagens, mas isso mostra um aspecto fascinante, onde nós como pessoas podemos nos identificar com quem está ali em tela, ou no mínimo nos desperta a curiosidade de pensar “Será que eu conseguiria passar por isso? Será que eu abriria mão dos meus princípios e da minha moralidade em troca da minha sobrevivência? O quanto vale minha dignidade?”
Como toda boa obra de distopia, Round 6 extrapola aspectos da nossa sociedade para poder tecer críticas a ela. Não há muita novidade, nem nada a esconder aqui. O modelo capitalista em que vivemos, onde a desigualdade social é gritante, é colocado pra debate. E por mais batido que possa parecer, o sucesso do programa mostra que está longe de ser um tópico irrelevante ou que não desperte interesse, mesmo que algumas pessoas queiram enxergar apenas o banho de sangue em tela.
Com um ritmo que considero bastante agradável, a série tem momentos de verdadeira tensão e algum espaço de respiro para trabalhar os personagens, algo que pode parecer chato a princípio, mas que é crucial no desenvolvimento deles. Há até um cliffhanger covarde, feito no meio de uma das provas, onde qualquer um envolvido precisa continuar assistindo o próximo episódio para saber o resultado.
Mesmo sem esperar este sucesso meteórico e com um final que encerra um ciclo, há ganchos para uma segunda temporada, que ainda não foi oficializada. De qualquer, forma Round 6 já fez história no serviço de streaming, e mesmo sem revolucionar o gênero, trouxe bons debates para uma grande massa de telespectadores que queiram pensar um pouco além do bom entretenimento que o seriado proporciona.
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