David Leitch, diretor de Deadpool 2 e Atômica, nos brinda com Trem-Bala, seu novo filme que é extremamente divertido e repleto de ação, sabendo beber de várias fontes e nunca se levando tão a sério a ponto de perder a graça.
Na trama, Joaninha (Brad Pitt), um assassino de aluguel experiente e azarado está decidido a fazer apenas mais um trabalho de forma tranquila depois de ter passado por tantos outros que saíram do seu controle. O destino, entretanto, tem outros planos; e em sua próxima missão Joaninha é colocado num trem-bala no Japão em rota direta de colisão com adversários letais vindos de todas as partes do globo; todos com objetivos conflitantes porém conectados.
É nítido e prazeroso perceber como todo o elenco realmente embarca no exagero e na loucura de certas situações, principalmente Brad Pitt, que não consegue essa combinação de humor e ação desde de Sr. & Sra. Smith (2005). Uma pena que não temos tanto do background do personagem, ele muitas vezes é um mero expectador da trama principal e acaba entrando sem querer em situações complicadas, embora isso não seja totalmente gratuito e sirva a trama.
Todo o elenco de apoio é muito bom, com destaque para a dinâmica entre Aaron Taylor-Johnson e Brian Tyree Henry, que acabam ganhando mais tempo de tela, e que futuramente gera um impacto emocional verdadeiro. Andrew Koji tem o arco mais sério entre os protagonistas mas em determinado momento é meio deixado de lado, contudo o excepcional Hiroyuki Sanada, pai do personagem de Koji, embora tenha participação reduzida, rouba a cena e é crucial para o desenrolar definitivo da trama.
Apesar de se passar num trem-bala japonês, e se basear numa obra japonesa, os principais atores asiáticos não são os protagonistas, são decisivos na conclusão da história, é verdade, mas faltou um pouco de coragem dos produtores em apostar mais alto, temos aí Podres de Ricos e Shang-Chi para provar que é possível. De qualquer forma, o elenco é bastante diverso, a pior representação provavelmente é a russa, mas atualmente isso não chega a ser um problema.
Todas as cenas de ação são ótimas, você sente cada pancada, e ainda conta com uma boa interação dos cenários e uma pitada de humor mesmo durante as lutas, no melhor estilo dos filmes do Jackie Chan. Outra boa a referência é Tarantino, em especial Kill Bill, que bebe das mesmas fontes e faz sua mistureba sanguinolenta. Uma ressalva seria o excesso de mini flashbacks, alguns são bem desnecessários e é quase uma forma de menosprezar a capacidade do público de lembrar de algo dito ou feito a 20 ou 30 minutos atrás do filme.
Existem passagens que isoladas poderiam ser videoclipes, como passado de Lobo (Bad Bunny) ou a impagável contagem de mortes de Limão e Tangerina, essas variações no estilo dão um ótimo respiro e ritmo ao longa que tem pouco mais de 2h.
No final, Trem-Bala consegue fazer uma trama rocambolesca ter sentido, e nenhum elemento é gratuito, nem a cobra ou uma garrafa d’água, todos acabam tendo uma função em algum momento. Ótima ação e humor descompromissado fazem valer a pena a experiência.
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