A Queda, filme dirigido por Scott Mann que também escreve o roteiro ao lado de Jonathan Frank, utiliza do artifício de se impor uma limitação numa situação extrema e tentar extrair o máximo dela.
Na trama, para tentar ajudar Becky (Grace Caroline Currey) a superar um trauma, sua amiga Hunter (Virginia Gardner), a leva para escalar uma torre de mais de 600 metros de altura, no meio do deserto. Apesar de serem experientes e treinadas, uma série desventuras as deixam sem ter como descerem.
A cena inicial, que apresenta as personagens e o trauma que marca uma delas, pode deixar o público com o pé atrás, pois não é tão bem elaborada e tem um cgi bem grosseiro, mas felizmente as outras cenas de escalada na torre são muito convincentes. É possível sentir a apreensão da subida, com a altura, o vento e os closes feitos na escada velha que que geram uma tensão de que a qualquer momento algo vai dar errado.
Tirando o fato de que escalar uma torre velha no meio do nada sem deixar ninguém avisado é uma ideia extremamente estúpida, é possível ficar vidrado no desenrolar dos acontecimentos. Não dá pra ficar indiferente ao que ocorre. É possível torcer para que elas consigam sair inteiras daquela situação ou mesmo que seja contra as garotas que querem fazer self penduradas na torre. Além do mais, jovens e ainda mais youtubers, costumam ter ideias estúpidos aos montes, ou seja o roteiro não foge tanto assim da realidade atual.
Falando ainda do roteiro, apesar de simples, ele é eficaz, pois apresenta vários pequenos elementos que depois voltam de alguma forma para ajudar as meninas, apesar de tudo ser meio óbvio, acaba cumprindo sua função. Claro que uma hora ou outra algumas conveniências aparecem, mas existem alguns momentos de quebra de expectativa que deixam as coisas balanceadas.
A questão da superação do trauma e da relação entre as amigas é bastante clichê, e as camadas que são colocadas no final não fazem tanta diferença assim, tudo provavelmente se desenrolaria da mesma forma com ou sem esse drama a mais, mas pelo menos é uma tentativa dos realizadores de deixarem o filme um pouco mais interessante.
A tarefa de se fazer o filme todo praticamente no topo da torre é ingrata, mas acaba sendo bem executada dentro do possível. A Queda não é o primeiro filme a deixar seus personagens isolados em um pequeno cenário tendo que se virar com poucos recursos, mas mostra que ainda é possível prendar a atenção da audiência com uma boa condução e a dose certa de tensão.
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