PUBLICADO EM 12/12/2022

Pinóquio por Guillermo del Toro

 

Pinóquio por Guillermo del Toro

A pouco tempo atrás tivemos a adaptação “live-action” de Pinóquio da Disney, que buscava uma modernização da animação clássica de 1940, mas que ficou muito aquém do que poderia. Passados três meses, agora temos a visão de Guillermo del Toro para a história clássica do boneco de madeira que quer ser um menino de verdade e que prometia uma versão mais obscura, indo de encontro onde o diretor tem mais familiaridade.

Começando pela parte técnica, a animação em stop-motion é impecável, a qualidade dos cenários, da movimentação dos personagens é absurda, a tecnologia usada nos faz até certo ponto duvidar que realmente é tudo stop-motion. O design dos personagens também é muito bom, e traz um identidade única, principalmente para o protagonista, que deixa de ser um bonequinho fofo e ganha ares de um criatura um pouco bizarra, como já era de esperar de del Toro, que no caso não dirige sozinho, tem a parceria de Mark Gustafson.

Quanto ao roteiro, que é dividido entre del Toro e Patrick McHale (Hora de Aventura), temos de fato uma releitura do conto original de Carlo Collodi, dessa vez ambientado na Itália fascista de Mussolini, usada como plano de fundo, mas não se limitando a isso, tendo de fato impacto direto na trama.

A introdução é voltada toda para relação de Geppetto (voz original de David Bradley) e seu filho Carlo (Alfie Tempest), algo que não é muito usual, mas que faz toda diferença na construção de Geppetto, que que deixa de ter um ar mais bondoso e senhor e para ser mais depressivo após a perda dolorosa de seu filho. O longa também acena para comentários a cerca da religião, mas não chega a se aprofundar.

Todas as motivações dos personagens são bem construídas, mesmo que sejam óbvias. E tudo isso é costurado com canções muito belas, para destaque para “Ciao Papa“, que deve vir forte para as premiações de música original, além da trilha sonora em si de Alexandre Desplat.

Muito mais do que ser meramente moralista, sobre a questão de ser um bom garoto e se comportar, com o intuito de receber a recompensa de virar um menino de verdade, Pinóquio de del Toro está mais interessa em discutir o tempo que passamos com nossos entes queridos, trazendo a luz a questão da imortalidade do boneco de madeira de forma incrível.

Muito emotivo, este Pinóquio mostra como é possível trazer um frescor para uma história contada inúmeras vezes, sob um olhar peculiar e intimista de um realizador apaixonado pelo que faz.

Nós estamos no Facebook e você também pode nos achar no Instagram, e Twitter, curta as páginas e fique por dentro do UNIVERSO REVERSO.

 

  4.5

 

SOBRE O AUTOR

Vinicius Lunas

Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.

 

 


RELACIONADOS