Elementos, nova animação da Pixar, chega em momento delicado para o estúdio de animação que desde que debutou no mercado virou referência de tecnologia e como contar boas histórias. A nova leva de grandes produções animadas que vem chamando atenção prefere ser mais estilizada, mesclando o 3D com 2D, o que não é o caso aqui, onde o estúdio já chegou no seu ápice de excelência e parece não ter mais para onde evoluir.
Outro ponto delicado é que dos últimos quatro lançamentos da Pixar, três deles foram direto para o serviço de streaming Disney+ e o mais recente, Lightyear (2022), mesmo sendo um spin-off da grande franquia Toy Story, foi um fracasso de bilheteria. Logo o peso em cima de Elementos é bem maior do que de fato deveria ser.
A trama nos apresenta uma cidade onde cidadãos de fogo, água, terra e ar vivem juntos, e acompanhamos Faísca (Leah Lewis), uma jovem impetuosa e esquentada, e Gota (Mamoudou Athie), um cara sentimental que segue o fluxo da vida, descobrindo algo elementar: o quanto eles têm em comum.
Um dos pontos que chamam atenção do longa, é que diferente de outros filmes do estúdio, que tem como base a aventura e comédia, com elementos de romance, este filme pode ser rotulado de forma contrária, ele é de fato um romance que tem um pouco dos outros elementos. O foco principal é no casal de protagonistas, que segue o clichê de serem de mundos opostos, mas que acabam encontrando um no outro similaridades e conforto nas situações difíceis.
Em privilégio do casal, temos vários coadjuvantes que acabam sendo jogados de lado, o único que acaba sendo aproveitado de forma satisfatória é o pai da Faísca, já que a relação dos dois também move a trama. Essa parte fala bastante sobre atender as expectativas de pessoas próximas a nós, tradição, e conflitos geracionais.
O filme também fala sobre imigração, aceitação, diferenças culturais e raciais em seu subtexto, que na verdade fica bem evidente. Talvez o grande desafio do longa seja conseguir cativar tanto o público adulto quanto o infantil, algo que a Pixar sempre tirou de letra. As crianças podem achar o filme mais parado, sem tantas cenas empolgantes (ou simplesmente ficarem se perguntando o que é um alvará), e os adultos por sua vez podem achar ele mais bobinho, tendo visto vários outros filmes nesse mesmo estilo.
A principal canção do filme, “Steal The Show“, é daquelas chicletes que grudam na cabeça e ficam com você o dia todo, e que fique claro que neste caso isso é um elogio.
A grande verdade é que nem todo filme precisa ser uma obra de arte que irá mudar sua vida para sempre, as vezes tudo que precisamos é de uma boa história de amor e aceitação, capaz de emocionar verdadeiramente. O simples, quando bem feito, pode deslumbrar e encher os olhos.
A pergunta que fica é: será que isso será suficiente para o público comparecer aos cinemas, ou compensa mais esperar o filme chegar ao streaming, como a própria Disney acostumou o público? Temos que esperar pra ver. Independente disso, Elementos é um filme essencialmente fofo, que provavelmente não tenha a força necessária para empolgar o grande público, mas que se viso de coração aberto, pode aquecê-lo de uma forma única.
Nós estamos no Facebook e você também pode nos achar no Instagram, e Twitter, curta as páginas e fique por dentro do UNIVERSO REVERSO.