PUBLICADO EM 19/12/2023

Priscilla

 

Priscilla

Um dos grandes filmes do ano passado foi Elvis de Baz Luhrmann, onde a proposta era mostrar o mito, a grandiosidade da persona de Elvis, sua ligação com a musical e os conflitos na carreira. Em Priscilla de Sofia Coppola, temos, de certa forma, um contraponto a isso. O filme mostra um recorte mais intimista e pela ótica feminina, de quem era Elvis em seu intimo.

Na trama, quando a adolescente Priscilla Beaulieu (Cailee Spaeny) conhece Elvis Presley (Jacob Elordi) em uma festa, o homem que já era um superstar do rock torna-se alguém completamente inesperado em momentos particulares: uma paixão emocionante, um aliado na solidão, um melhor amigo vulnerável. Acompanhamos o namoro e casamento turbulento de Elvis e Priscilla, desde uma base militar alemã até à sua propriedade dos sonhos em Graceland.

Em termos de direção, este é o melhor trabalho de Sofia desde Encontros e Desencontros (2003), apostando bastante em planos detalhe, para nos aproximar o máximo possível da protagonista, entrando em sua intimidade e vendo florescer aquela paixão típica juvenil, que na verdade não é nada típica visto que ela se envolve com um dos maiores nomes da música de todos os tempos.

Cailee Spaeny consegue transmitir de forma muito natural toda a delicadeza, doçura e deslumbre pelo seu amado no início do filme e passando gradualmente para os questionamentos, se aquele relacionamento era realmente o que ela queria. O Elvis de Jacob Elordi é assustadoramente parecido com o original, mas qualquer comparação que possa ser feita com Austin Butler é descabida pois são propostas bem distintas, nunca vemos Elordi no palco, por exemplo.

A grande questão pode ser justamente essa presença grandiosa do Elvis no filme, afinal num filme chamado Priscilla, se espera que ela fosse a estrela dominante, mas na verdade os dois acabam sendo protagonistas, por mais que tenhamos apenas o ponto de vista dela.

Mostrando o homem extremamente problemático por trás da lenda do rock, Priscilla é bastante honesto e esteticamente muito bonito. É impossível concordar com praticamente qualquer atitude de Elvis no filme e fica o questionamento se talvez as coisas não tenham sido mais intensas do que as retratadas, mas o longa é baseado no livro da própria Priscilla Presley, que também atua como produtora, então é a palavra dela que conta.

Sofia Coppola entrega um ótimo trabalho, muito rico em detalhes e super focado nas atuações, sua sensibilidade não deixa o longa cair num melodrama barato ou sensacionalista, mostrando altos e baixos de um relacionamento conturbado, mas que querendo ou não foi bastante real, por maior que seja nossa vontade de transformá-lo num conto de fadas.

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SOBRE O AUTOR

Vinicius Lunas

Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.

 

 


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