Um dos grandes filmes do ano passado foi Elvis de Baz Luhrmann, onde a proposta era mostrar o mito, a grandiosidade da persona de Elvis, sua ligação com a musical e os conflitos na carreira. Em Priscilla de Sofia Coppola, temos, de certa forma, um contraponto a isso. O filme mostra um recorte mais intimista e pela ótica feminina, de quem era Elvis em seu intimo.
Na trama, quando a adolescente Priscilla Beaulieu (Cailee Spaeny) conhece Elvis Presley (Jacob Elordi) em uma festa, o homem que já era um superstar do rock torna-se alguém completamente inesperado em momentos particulares: uma paixão emocionante, um aliado na solidão, um melhor amigo vulnerável. Acompanhamos o namoro e casamento turbulento de Elvis e Priscilla, desde uma base militar alemã até à sua propriedade dos sonhos em Graceland.
Em termos de direção, este é o melhor trabalho de Sofia desde Encontros e Desencontros (2003), apostando bastante em planos detalhe, para nos aproximar o máximo possível da protagonista, entrando em sua intimidade e vendo florescer aquela paixão típica juvenil, que na verdade não é nada típica visto que ela se envolve com um dos maiores nomes da música de todos os tempos.
Cailee Spaeny consegue transmitir de forma muito natural toda a delicadeza, doçura e deslumbre pelo seu amado no início do filme e passando gradualmente para os questionamentos, se aquele relacionamento era realmente o que ela queria. O Elvis de Jacob Elordi é assustadoramente parecido com o original, mas qualquer comparação que possa ser feita com Austin Butler é descabida pois são propostas bem distintas, nunca vemos Elordi no palco, por exemplo.
A grande questão pode ser justamente essa presença grandiosa do Elvis no filme, afinal num filme chamado Priscilla, se espera que ela fosse a estrela dominante, mas na verdade os dois acabam sendo protagonistas, por mais que tenhamos apenas o ponto de vista dela.
Mostrando o homem extremamente problemático por trás da lenda do rock, Priscilla é bastante honesto e esteticamente muito bonito. É impossível concordar com praticamente qualquer atitude de Elvis no filme e fica o questionamento se talvez as coisas não tenham sido mais intensas do que as retratadas, mas o longa é baseado no livro da própria Priscilla Presley, que também atua como produtora, então é a palavra dela que conta.
Sofia Coppola entrega um ótimo trabalho, muito rico em detalhes e super focado nas atuações, sua sensibilidade não deixa o longa cair num melodrama barato ou sensacionalista, mostrando altos e baixos de um relacionamento conturbado, mas que querendo ou não foi bastante real, por maior que seja nossa vontade de transformá-lo num conto de fadas.
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