Anatomia de uma Queda, filme francês com cinco indicações ao Oscar 2024, teve um caminho no mínimo interessante até cair nas graças da Academia de Hollywood. Após ganhar a Palma de Ouro, principal prêmio no Festival de Cannes, a diretora Justine Triet fez duras críticas ao atual governo francês, que por sua vez, aparentemente, boicotou o longa na escolha para disputar Melhor Filme Internacional no Oscar, tanto que o filme aparece nas principais categorias, como Melhor Filme e Melhor Direção, mas não de Filme Internacional.
Mas falando do filme em si, a vida da escritora alemã Sandra (Sandra Hüller) desmorona quando seu marido, Samuel, é encontrado morto. Aos poucos, o julgamento deixa de ser apenas uma investigação das circunstâncias da morte de Samuel (Samuel Theis) e se torna uma inquietante jornada psicológica às profundezas da relação conturbada do casal.
Poderia ser dito que Anatomia de Uma Queda é um simples filme de tribunal, onde vamos acompanhando o julgamento e tentando descobrir o que de fato aconteceu, com novas revelações sendo feitas durante o desenrolar do processo. Mas o jeito que Triet conduz a narrativa e se aprofunda na relação do casal e também do filho (Milo Machado Graner), deixa tudo mais interessante. A relação deles parece importar mais do que a verdade em si, aliás o próprio advogado de Sandra diz que a verdade não importa, mas sim como seria vista pelo júri.
Tudo gira em torno da ótima atuação de Sandra Hüller, que nunca nos permite dizer se ela está sendo sincera ou não, Triet abusa dos closes para aproveitar o seu talento. Mas todo o elenco está incrível, mesmo Samuel com pouco tempo de tela, quando aparece é bem marcante e Graner, mesmo jovem também entrega momentos muito intensos, e até o cachorro está incrível.
O ritmo é bastante agradável para um filme de 2h30 que se passa majoritariamente num tribunal, embora o terceiro ato pareça ser um pouco mais arrastado, e o clímax na verdade acaba sendo um anticlímax. Mas fato é que se trata de um filme muito seguro de si, que presa muito mais em analisar as relações humanas do que o espetáculo do julgamento.
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