Hurry Up Tomorrow: Além dos Holofotes, é um projeto ambicioso do artista multimídia Abel Tesfaye, mais conhecido como The Weeknd. Sendo ele o protagonista, corroterista e produtor do filme, é seguro afirmar que ele também é o maior responsável pela bomba que comtemplamos na tela.
A sinopse oficial diz: “Baseado no álbum mais recente do cantor, a história apresenta a jornada de um músico, atormentado pela insônia, que se aventura ao lado de uma misteriosa estranha (Jenna Ortega) – uma jovem obcecada por seu trabalho. A relação deles ultrapassa os limites da admiração e da sanidade e o deixa à beira de um colapso mental.”
Pra inicio de conversa, por mais que o filme seja baseado no álbum, ou seja um complemento visual para o álbum, ou se relacione com o álbum de qualquer forma, ele precisa ser autossuficiente. O filme precisa se sustentar por si próprio, ainda mais se a proposta é uma imersão total no cinema. E isso não acontece de nenhuma forma.
Temos um fiapo de narrativa de uma celebridade que se faz de coitado durante o filme todo, sendo que nenhum problema dele é tão profundo. O problema na garganta é diagnosticado como algo na verdade psicológico, ele só precisa descansar. O drama pelo fim do relacionamento amoroso (com alguém que nem vemos em tela) seria minimamente aceitável se ele tivesse 15 anos de idade, mas um adulto com todas as suas faculdades mentais operacionais não se sujeitaria a passar por nada do que é visto no filme.
Qualquer um que tenha dito para Abel que ele era um bom ator a nível de conseguir protagonizar um longa metragem com aspectos dramáticos merece ser preso. Atuação é muito mais do que franzir a sobrancelha e abrir a boca em espanto, mas aparentemente ninguém o avisou. Ainda temos Jenna Ortega, que é uma boa atriz, mas aqui está muito canastrona, e como ela também tem crédito de produtora não dá pra isentar sua culpa, não é como se ela não soubesse no que estava se metendo. A única ressalva fica com Barry Keoghan, que não compromete como o amigo/assistente pessoal do The Weeknd, mas fica na dúvida se ele estava realmente atuando ou apenas sendo ele mesmo, de qualquer forma funcionou.
Os diálogos são extremamente pobres, a ponto de ter uma cena de briga onde os dois protagonistas ficam uns 30 segundos gritando um para o outro “me solta”, “não te solto”. Algo nível novela da Record. Sobre o diretor, e também roteirista, Trey Edward Shults, ele em alguns momentos tenta alguns movimentos de câmera mais arrojados, faz alguns giros, coloca blur nas cenas, muita firula que não serve para absolutamente nada. É como embrulhar um pedaço de madeira podre em papel de presente.
O filme falha até nas coisa mais simples e banais como, por exemplo, na cena extremamente clichê, diga-se de passagem, dos dois protagonistas saindo para se divertir no parque de diversões. Era só fazer uma montagem descolada, aproveitar as luzes durante e noite, colocar uma música maneira, mas a cena é chata, e não consegue gerar química de verdade entre os personagens, mesmo que seja só pra enganar o público já que sabemos que uma hora tudo vai desandar.
Pra um filme com um cantor e que se baseia num álbum, era de se esperar que tivesse também muitas cenas musicais, e não é bem isso que acontece. Pra piorar, a única cena em que ele canta de verdade é provavelmente a pior cena do filme todo, não por sua qualidade vocal obviamente, mas por todo o contexto ali apresentado. É uma vergonha alheia absurda.
Se fosse um videoclipe, dos quais The Weeknd já cansou de fazer, poderia ser bom. Se fosse um curta metragem experimental de 20 minutos, poderia ser interessante. Mas um filme de 1h45 é injustificável, é apenas uma egotrip vazia e desinteressante, que não diz nada a respeito de nada. E se o intuito era promover o álbum, o efeito é o inverso.
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